China promete castigar atacantes que mataram 29 pessoas em estação de comboio

Ataque de grupo armado com facas foi “organizado, premeditado e violento”. Autoridades apontam o dedo a uigures de Xinjiang.

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Bilheteiras da Estação de Kunming depois do ataque Reuters

A polícia matou quatro dos atacantes (três homens e uma mulher) e deteve uma suspeita. Procurava ainda cinco dos atacantes que conseguiram escapar, segundo a agência Xinhua.

O Partido Comunista Chinês está a tomar uma posição cada vez mais dura em relação a Xinjiang, escrevia na semana passada Michael Clarke, especialista na região, da Universidade de Griffith (Austrália), no site do East Asia Forum. O governo regional anunciou também na semana que passou que iria duplicar o orçamento para a polícia antiterrorista. Mas “a própria política chinesa está a contribuir para a tensão em Xinjiang”, alertou, e se o partido não tentar combater o seu papel no aumento do descontentamento, “a região está condenada a continuar o ciclo de violência”.

A região ocidental de Xinjiang vive há décadas uma insurreição de uigures, uma minoria muçulmana, contra o regime comunista. No ano passado, os ataques mortíferos, muitos deles dirigidos contra esquadras de polícia em Xinjiang, aumentaram, com a região a registar cerca de 100 mortos. No mês passado, a polícia matou oito pessoas acusadas de terem atacado carros-patrulha. Em 2009, quase 200 morreram em motins na capital, Uruqmi.  

Se o ataque tiver mesmo sido levado a cabo por uigures, a acção de sábado marca uma escalada dramática de ataques já muito longe da região de Xinjiang. Em Outubro, uma família uigur fez explodir um carro às portas da Praça de Tiananmen, morrendo e matando dois transeuntes na explosão.

Uigures que viajem para fora de Xinjiang são já vistos com suspeição geral e sujeitos a verificações de segurança, por exemplo quando se registam em hotéis, e, em alguns casos, são recusados. Caso se confirme que o atentado foi mesmo levado a cabo por uigures, as restrições poderão ainda aumentar.

Qiao Yunao, uma estudante de 16 anos, começou a ouvir gritos e pessoas a correr quando estava à espera do seu comboio. Viu um dos atacantes cortar o pescoço a um homem. “Entrei em pânico e corri para uma loja de fast-food”, contou. Daí, viu outros dois atacantes, um com uma faca para cortar melão e outro como uma faca de fruta a correrem e a atacarem quem quer que conseguissem.

Yang Haifei, um sobrevivente, ficou ferido no peito e nas costas. Estava a comprar um bilhete de comboio quando viu um grupo de pessoas, a maioria vestidas de preto, atacar. “Vi uma pessoa vir directa a mim com uma faca grande e corri, tal como toda a gente”, descreveu, notando que quem foi mais lento ficou gravemente ferido.

Chen Guizhen, de 50 anos, segurava o bilhete de identidade do marido, manchado de sangue. O casal de camponeses estava à espera de um comboio para ir trabalhar quando ambos foram atacados. O marido de Chen não sobreviveu. “Por que é que os terroristas são tão cruéis?”, chorava Chen. “Não acredito que ele me deixou…”

O ataque ocorreu mesmo antes da sessão anual do Parlamento chinês, na quarta-feira.

O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu empenho na investigação e acusação. “Castiguem severamente, de acordo com a lei, os terroristas violentos, e persigam-nos com firmeza”, disse Xi, citado pela agência Xinhua. “Compreendam a grave e complexa natureza de combater o terrorismo. Façam tudo para manter a estabilidade social.”   

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A polícia matou quatro dos atacantes (três homens e uma mulher) e deteve uma suspeita. Procurava ainda cinco dos atacantes que conseguiram escapar, segundo a agência Xinhua.

O Partido Comunista Chinês está a tomar uma posição cada vez mais dura em relação a Xinjiang, escrevia na semana passada Michael Clarke, especialista na região, da Universidade de Griffith (Austrália), no site do East Asia Forum. O governo regional anunciou também na semana que passou que iria duplicar o orçamento para a polícia antiterrorista. Mas “a própria política chinesa está a contribuir para a tensão em Xinjiang”, alertou, e se o partido não tentar combater o seu papel no aumento do descontentamento, “a região está condenada a continuar o ciclo de violência”.

A região ocidental de Xinjiang vive há décadas uma insurreição de uigures, uma minoria muçulmana, contra o regime comunista. No ano passado, os ataques mortíferos, muitos deles dirigidos contra esquadras de polícia em Xinjiang, aumentaram, com a região a registar cerca de 100 mortos. No mês passado, a polícia matou oito pessoas acusadas de terem atacado carros-patrulha. Em 2009, quase 200 morreram em motins na capital, Uruqmi.  

Se o ataque tiver mesmo sido levado a cabo por uigures, a acção de sábado marca uma escalada dramática de ataques já muito longe da região de Xinjiang. Em Outubro, uma família uigur fez explodir um carro às portas da Praça de Tiananmen, morrendo e matando dois transeuntes na explosão.

Uigures que viajem para fora de Xinjiang são já vistos com suspeição geral e sujeitos a verificações de segurança, por exemplo quando se registam em hotéis, e, em alguns casos, são recusados. Caso se confirme que o atentado foi mesmo levado a cabo por uigures, as restrições poderão ainda aumentar.

Qiao Yunao, uma estudante de 16 anos, começou a ouvir gritos e pessoas a correr quando estava à espera do seu comboio. Viu um dos atacantes cortar o pescoço a um homem. “Entrei em pânico e corri para uma loja de fast-food”, contou. Daí, viu outros dois atacantes, um com uma faca para cortar melão e outro como uma faca de fruta a correrem e a atacarem quem quer que conseguissem.

Yang Haifei, um sobrevivente, ficou ferido no peito e nas costas. Estava a comprar um bilhete de comboio quando viu um grupo de pessoas, a maioria vestidas de preto, atacar. “Vi uma pessoa vir directa a mim com uma faca grande e corri, tal como toda a gente”, descreveu, notando que quem foi mais lento ficou gravemente ferido.

Chen Guizhen, de 50 anos, segurava o bilhete de identidade do marido, manchado de sangue. O casal de camponeses estava à espera de um comboio para ir trabalhar quando ambos foram atacados. O marido de Chen não sobreviveu. “Por que é que os terroristas são tão cruéis?”, chorava Chen. “Não acredito que ele me deixou…”

O ataque ocorreu mesmo antes da sessão anual do Parlamento chinês, na quarta-feira.

O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu empenho na investigação e acusação. “Castiguem severamente, de acordo com a lei, os terroristas violentos, e persigam-nos com firmeza”, disse Xi, citado pela agência Xinhua. “Compreendam a grave e complexa natureza de combater o terrorismo. Façam tudo para manter a estabilidade social.”