Brasileiros já estão a beber Super Bock produzida localmente

Depois de um projecto-piloto, a produção industrial arrancou este ano, numa parceira com a Riograndense

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Cerca de 30% da produção da Unicer, liderada por João Abecasis, foi exportada em 2013 Fernando Veludo/NFactos

João Abecasis, presidente executivo da Unicer, adianta ao PÚBLICO que esta é a primeira vez na história da empresa que se produz Super Bock fora de Portugal, sob licenciamento. Também é a concretização de uma antiga ambição da cervejeira nortenha. Há pouco menos de um ano, ainda não tinha encontrado nenhum parceiro industrial para produzir naquele país, anfitrião, em Junho, do Mundial de Futebol e dos Jogos Olímpicos em 2016. Na altura, em declarações ao PÚBLICO, António Pires de Lima, então presidente executivo da Unicer, admitia que não tinha desistido da ideia, mas não era um projecto para concretizar a curto prazo já que, até à data, não tinha encontrado o parceiro adequado.

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João Abecasis, presidente executivo da Unicer, adianta ao PÚBLICO que esta é a primeira vez na história da empresa que se produz Super Bock fora de Portugal, sob licenciamento. Também é a concretização de uma antiga ambição da cervejeira nortenha. Há pouco menos de um ano, ainda não tinha encontrado nenhum parceiro industrial para produzir naquele país, anfitrião, em Junho, do Mundial de Futebol e dos Jogos Olímpicos em 2016. Na altura, em declarações ao PÚBLICO, António Pires de Lima, então presidente executivo da Unicer, admitia que não tinha desistido da ideia, mas não era um projecto para concretizar a curto prazo já que, até à data, não tinha encontrado o parceiro adequado.

Agora, com a Riograndense, a produção local finalmente arrancou. A empresa brasileira fabrica cervejas desde 2003 e detém a marca Província. De acordo com a informação disponível no seu site, emprega 200 trabalhadores e tem uma capacidade de produção que ultrapassa os 60 milhões de litros por ano.

João Abecasis adianta que em 2013 cerca de 30% do total de produtos da Unicer (cervejas e águas) foram exportados. Considerando apenas as cervejas esse peso foi de 40%, que corresponde a cerca de 320 milhões de litros. O gestor sublinha que no mapa geográfico “destaca-se Angola, que continua a ser o principal” cliente, logo a seguir a Portugal. A produção local também está nos planos e as previsões mais recentes apontam o arranque para 2016, no âmbito da Única, a joint-venture que a Unicer tem com accionistas angolanos. A capacidade de produção inicial será de 120 milhões de litros.

Além do Brasil, também Moçambique é identificado com um mercado prioritário, onde a cervejeira pretende vender 20 milhões de litros nos próximos cinco anos. “Numa outra frente a empresa já está a vender cerveja na Arábia Saudita, um mercado muito relevante no segmento sem álcool e que está em franco desenvolvimento”, acrescenta João Abecasis.

Por cá, 2013 foi um ano de “estabilização”, depois de reduções no consumo acima de dois dígitos em 2011 e 2012. “Seria um bom sinal que o mercado doméstico voltasse ao crescimento, mas para tal é fundamental que se volte a apoiar o sector da restauração”, defende. Em Portugal, cerca de 70% da cerveja é vendida nos bares e restaurante, que viram o IVA aplicado ao sector aumentar de 13% para 23%.

Questionado sobre as perspectivas da empresa para 2014, João Abecasis diz acreditar na recuperação da economia, em ano de Mundial de Futebol, “que levará as pessoas para a rua”. “Falamos de pouco mais de um mês de competição mas que, se conciliado com calor e a animação que advém de outros eventos que acontecem na mesma altura do ano, é uma dinâmica importante para o consumo fora de casa”, sustenta.

Este ano, a Unicer vai concluir o projecto de modernização da fábrica em Leça do Bailio, que implicou o encerramento, em 2013, da unidade de produção de cervejas em Santarém. No total, foram investidos 80 milhões de euros na expansão e modernização da fábrica-mãe, que passou a ter mais duas novas linhas de enchimento e maior capacidade instalada. Em Santarém mantêm-se as plataformas de armazenagem e de distribuição e a operação nos refrigerantes.

O investimento foi justificado com as exportações: a empresa quer aumentar o peso das vendas no estrangeiro para 50% do negócio em oito anos. João Abecasis sublinha que o “programa de internacionalização” é fundamental. “Estabelecemos como objectivo alcançar, ao longo da próxima década, os mil milhões de facturação e isso passa inevitavelmente pelo crescimento da nossa operação no estrangeiro seja via exportação ou produção local”, esclarece.