Francisco pede atitude "inteligente" no debate sobre a família

Inquérito mostra que leigos portugueses querem uma Igreja "inclusiva" e "acolhedora".

Foto
O Papa Francisco numa das suas habituais audiências semanais na Praça de São Pedro FILIPPO MONTEFORTE/AFP

“Célula fundamental da sociedade”, a família “está hoje desvalorizada e é maltratada”, disse o Papa, quinta-feira, ao consistório que antecedeu a entrega das insígnias aos novos cardeais. Mas, acrescentou, se a missão da Igreja “é dar a conhecer o plano magnífico de Deus para a família”, tem igualmente de apoiar os casais “nas muitas dificuldades” que enfrentam, praticando "uma pastoral inteligente, corajosa e cheia de amor”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Célula fundamental da sociedade”, a família “está hoje desvalorizada e é maltratada”, disse o Papa, quinta-feira, ao consistório que antecedeu a entrega das insígnias aos novos cardeais. Mas, acrescentou, se a missão da Igreja “é dar a conhecer o plano magnífico de Deus para a família”, tem igualmente de apoiar os casais “nas muitas dificuldades” que enfrentam, praticando "uma pastoral inteligente, corajosa e cheia de amor”.

O Papa tinha já dado um sinal no sentido do desejo de abertura quando convidou o cardeal Walter Kasper para proferir a reflexão que serviu de mote ao encontro dos cardeais. O alemão há muito que defende que os divorciados que voltam a casar não devem ser excluídos dos sacramentos, incluindo da comunhão – uma das mudanças mais esperadas do Sínodo sobre os “Desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. Segundo o vaticanista Andrea Tornielli, o cardeal terá proposto que os recasados possam voltar a comungar depois de "um período penitencial".

Antes da reunião dos bispos, que terá uma segunda etapa em Outubro de 2015, foi enviado um inquérito pedindo que os leigos se pronunciassem sobre temas como o divórcio, contracepção e as uniões entre pessoas do mesmo sexo. Em Portugal, as respostas já foram resumidas e enviadas para o Vaticano e, segundo o porta-voz da Conferência Episcopal, o padre Manuel Morujão, “os casos de famílias que não estão segundo as normas canónicas são apresentados como desafios pastorais para que a Igreja seja sempre mais”, não só “acolhedora” mas também “inclusiva”. Nas respostas, foi “acentuado” de forma particular que, “na vida pastoral da Igreja, não deve haver qualquer tipo de discriminação em relação aos filhos de casais que não estão segundo as normas eclesiásticas, antes devem receber uma especial atenção e acolhimento, que envolva também os pais.”

A preocupação com a família é precisamente um dos aspectos destacados pelo cardeal José Saraiva Martins, quase um ano depois de Francisco ter sido eleito. “O Papa fez muito bem em dar relevo a este problema, em procurarmos uma solução para o futuro da família, porque é dele que derivam todos os outros problemas”.