O Valentim

O amor não acontece sozinho. Tem lugar entre duas pessoas, nasce, alimenta-se do que existe em comum, telepaticamente, enraíza-se e permanece

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Carlo Allegri/Reuters

Reza a história que Valentim era um sacerdote cristão contemporâneo do Imperador Cláudio II que pretendia constituir um exército romano grande e forte. Como foram poucos os romanos a alistarem-se, acreditou que tal se devia ao facto de muitos homens não estarem dispostos a abandonar as suas mulheres e famílias para partirem para a guerra. A solução foi proibir os casamentos dos jovens. Valentim revoltou-se contra a ordem imperial e celebrou matrimónios em segredo. Até que foi descoberto, preso e mandado decapitar a 14 de Fevereiro.

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Reza a história que Valentim era um sacerdote cristão contemporâneo do Imperador Cláudio II que pretendia constituir um exército romano grande e forte. Como foram poucos os romanos a alistarem-se, acreditou que tal se devia ao facto de muitos homens não estarem dispostos a abandonar as suas mulheres e famílias para partirem para a guerra. A solução foi proibir os casamentos dos jovens. Valentim revoltou-se contra a ordem imperial e celebrou matrimónios em segredo. Até que foi descoberto, preso e mandado decapitar a 14 de Fevereiro.

A lenda acrescenta ainda que enquanto estava na prisão Valentim era visitado pela filha do seu guarda, mantendo longas conversas e criando uma amizade. No dia da sua morte, deixou-lhe um bilhete que terminava dizendo: «Do teu Valentim». Expressão que se tornou conhecida nas cartas de amor trocadas entre namorados. Passou-se depois a prestar o tributo a Valentim, comemorando-se o Dia de S. Valentim, uma espécie de hino ao amor com a homenagem a alguém que o promoveu.

Mas o Valentim já lá vai. Actualmente ficou apenas o nome para relembrar. O resto são gestos iguais, amor banalizado, restaurantes cheios, farmácias com filas maiores e a obrigação do dia ser marcado, entre namorados, de uma qualquer forma romântica. Mesmo que repetidamente pouco original. Pelo menos neste dia todos se lembram que o amor existe, mesmo que não cheguem nunca a conhecê-lo verdadeiramente. É melhor assim. Sofre-se menos.

O amor não acontece sozinho. Tem lugar entre duas pessoas, nasce, alimenta-se do que existe em comum, telepaticamente, enraíza-se e permanece. O verdadeiro amor não morre. Por muito que faça sofrer, que sobreviva afastado, sem o olhar, instalado somente no pensamento ou no coração. E felizes os que o sentem, encontrando a pessoa certa que o compreenda e acolha. Ao amor resta acontecer, ter lugar. A sensação de o sentir na plenitude um dia vale por todos os outros perdidos à procura.

Procurando definições para o amor, elas estão onde menos se espera encontrar. E é mais ou menos isto: «O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha e jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá.» (I Coríntios 13:4-8)