Acompanhamento das pessoas com doença mental é “insuficiente”

Respostas institucionais são “obsoletas”, segundo um estudo da Universidade de Coimbra, divulgado esta segunda-feira, que abrangeu 70 instituições

Foto
Actual modelo “nem favorece a integração comunitária” nem “a recuperação dos doentes”, concluiu o estudo Nuno Ferreira Santos (arquivo)

“Os cuidados continuados farão toda a diferença em termos de reabilitação psicossocial, inclusivamente porque criam o apoio domiciliário e respostas diferenciadas para crianças e adolescentes”, acrescentou Álvaro de Carvalho, dizendo-se confiante na determinação do Governo em fazer avançar estas respostas.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Os cuidados continuados farão toda a diferença em termos de reabilitação psicossocial, inclusivamente porque criam o apoio domiciliário e respostas diferenciadas para crianças e adolescentes”, acrescentou Álvaro de Carvalho, dizendo-se confiante na determinação do Governo em fazer avançar estas respostas.

Ao fim de quatro anos, a autora do estudo, Carina Teixeira, não detectou “diferenças significativas” entre pessoas com doença mental incluídas em programas de reabilitação e pessoas com doença mental sem qualquer acompanhamento psicossocial”. Acresce que os serviços de reabilitação portugueses caracterizam-se “salvo poucas excepções, por contextos educacionais, ocupacionais e habitacionais segregados”, conforme se lê no comunicado divulgado esta segunda-feira. Trata-se de um modelo “obsoleto”, segundo a investigadora, porque “nem favorece a integração comunitária” nem “a recuperação dos doentes”.

A estigmatização dos doentes com esquizofrenia consubstancia outra das críticas contidas neste estudo. Que aponta o dedo acusador aos profissionais de saúde, os primeiros a subestimar “as capacidades das pessoas com doença mental, acabando por lhes transmitir mensagens de desesperança que afectam a sua luta pela recuperação e pelo alcance dos objectivos pessoais”.