Destruição das armas químicas da Síria: uma operação internacional

Governo italiano promete anunciar quinta-feira o porto onde deverá ser feito o transbordo dos compostos para o navio americano onde serão destruídos.

O seu plano inicial para a destruição das 1290 toneladas de armas químicas declaradas pela Síria tornou-se inviável depois de todos os países com capacidade técnica e condições para o fazer terem recusado receber o material no seu território. Em Dezembro, o Conselho Executivo da organização – no qual Portugal está actualmente representado – aprovou um novo plano, prevendo a destruição em águas internacionais dos químicos mais perigosos do arsenal sírio – uma operação que têm um único antecedente, quando na década de 1990 o Japão eliminou munições químicas da II Guerra Mundial.

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O seu plano inicial para a destruição das 1290 toneladas de armas químicas declaradas pela Síria tornou-se inviável depois de todos os países com capacidade técnica e condições para o fazer terem recusado receber o material no seu território. Em Dezembro, o Conselho Executivo da organização – no qual Portugal está actualmente representado – aprovou um novo plano, prevendo a destruição em águas internacionais dos químicos mais perigosos do arsenal sírio – uma operação que têm um único antecedente, quando na década de 1990 o Japão eliminou munições químicas da II Guerra Mundial.

A destruição será feita a bordo do navio norte-americano Cape Ray, num tanque especial de titânio através do processo de hidrólise (degradação dos compostos químicos pela adição de água), sob supervisão da OPAQ.

Mas esta será uma missão verdadeiramente internacional. Ao abrigo do plano acordado pela OPAQ, a Rússia forneceu os camiões blindados que o governo sírio usou para transportar os químicos dos locais onde estavam armazenados até ao porto de Latakia, onde garantiu a segurança do transbordo. Os EUA enviaram os contentores e aparelhos de localização por GPS, bem como material de transporte e descontaminação. A China contribuiu com câmaras de vigilância e dez ambulâncias e a Finlândia com material e especialistas na gestão de acidentes químicos.

O primeiro carregamento de armas saiu de Latakia no dia 7, a bordo de um navio dinamarquês e a Noruega tem a postos outro cargueiro para dar seguimento à missão. Navios militares da Rússia, China e Reino Unido escoltam o cargueiro dinamarquês, cujo porto de destino ainda não é conhecido. A ministra dos Negócios Estrangeiros italiana, Emma Bonino, prometeu que quinta-feira vai ser anunciado o porto italiano onde será feito o transbordo para o Cape Ray, no mesmo dia em que o director-geral da OPAQ, Ahmet Uzumcu, é ouvido no Parlamento de Roma sobre os pormenores da missão. A imprensa adientou como possibilidade os portos de Augusta (Sicília), Gioia Tauro (Calábria) Tarento e Brindisi (Apúlia).

O Governo alemão confirmou entretanto à OPAQ a sua disponibilidade para tratar os materiais resultantes da hidrólise das armas químicas sírias. Toda a operação é financiada pelas contribuições dos Estados-membros, incluindo o tratamento dos químicos menos nocivos, na sua maioria químicos que têm também uso na indústrial, que serão eliminados por empresas privadas.