Universidade de Coimbra quer atrair "milhares" de chineses

Com a entrada em vigor do estatuto do estudante internacional, o reitor João Gabriel Silva quer aumentar o número de alunos oriundos da China

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Biblioteca de Arte Fundação Calouste Gulbenkian/Flickr

A Universidade de Coimbra pretende aumentar o número de alunos chineses "das centenas para os milhares", com a entrada em vigor do estatuto do estudante internacional, disse esta quarta-feira o reitor à agência Lusa em Macau.

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A Universidade de Coimbra pretende aumentar o número de alunos chineses "das centenas para os milhares", com a entrada em vigor do estatuto do estudante internacional, disse esta quarta-feira o reitor à agência Lusa em Macau.

"Estamos numa fase de alargamento, porque o Governo português está em vias de fazer sair uma lei, o estatuto do estudante internacional, que vai permitir às universidades públicas, pela primeira vez em muitos decénios, receber directamente estudantes sem passarem por concurso nacional de acesso", explicou o reitor, João Gabriel Silva.

Ao salientar que a Universidade de Coimbra é a instituição de ensino superior "com mais estudantes estrangeiros", cerca de 4.000 (de cerca de 100 nacionalidades) entre um total de 23 mil no ano lectivo terminado em julho, o reitor indicou que há "cerca de 100 chineses", mas que o objectivo é "passar das centenas para os milhares".

Candidatos fora da União Europeia

Os alunos que as universidades poderão vir a seleccionar terão de ser estrangeiros originários de territórios fora da União Europeia e João Gabriel Silva indicou que, por isso, a direcção da Universidade de Coimbra definiu recentemente como estratégia a captação daqueles em países de língua portuguesa e na China.

"A Universidade de Coimbra é o berço da língua portuguesa e, portanto, os países de língua portuguesa são nossos parceiros e a nossa segunda linha estratégica é a China porque há Macau, que se distingue na China exactamente pela presença portuguesa, e porque nesse país o interesse pelo ensino do português tem vindo a aumentar enormemente", sustentou.

A maioria dos 4.000 estudantes estrangeiros da Universidade de Coimbra está a tirar aí o seu curso — havendo cerca de 1.500 em mobilidade, grande parte de países europeus — e cerca de metade é proveniente do Brasil.

Ao recordar que a Universidade de Coimbra "foi durante muitos séculos a única de língua portuguesa" e que "geograficamente há estudos que indicam que uma parte substancial do processo de miscigenação que levou à criação da língua portuguesa ocorreu no Baixo Mondego", João Gabriel Silva sublinhou a "responsabilidade e dever" da instituição de responder ao interesse da China pela língua de Camões.

O reitor está, por isso, em Macau esta semana para "tentar perceber quem são os parceiros potenciais", tendo em vista a mobilidade de estudantes, a captação de novos alunos e a "ligação do conhecimento à actividade económica".

João Gabriel Silva acredita que, além do Direito, em que existe já uma "antiga e saudável" cooperação com instituições locais, nomeadamente com a Universidade de Macau, os laços com instituições da Região Administrativa Especial chinesa poderão reforçar-se e estender-se a outras áreas como as indústrias criativas.

"Orgulhamo-nos de ter a melhor incubadora portuguesa de empresas e temos lá várias da área das indústrias criativas. Temos experiência nessa matéria e o Governo de Macau está a definir essa prioridade como importante para o desenvolvimento do território. Há aqui um encontro de prioridades", observou.

A cooperação com Macau e com universidades da China continental, disse, "tem agora uma importância particular" para a Universidade de Coimbra, que entrou este ano, pela primeira vez, no 'ranking' de Xangai das melhores universidades do mundo.