Real Madrid afasta grupo de extrema-direita do Santiago Bernabéu

Claque “Ultras Sur” e direcção do clube merengue em rota de colisão.

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Direcção do Real Madrid quer um sector de “animação normal” Dani Pozo/AFP

A história dos “Ultras Sur” é um longo rol de episódios de violência e desacatos. Os elementos do grupo fundado em 1980 não escondem a ideologia de extrema-direita e é comum verem-se no sector destes adeptos bandeiras da Espanha franquista ou suásticas. A realidade dos “Ultras Sur” foi exposta num livro (“Diário de um Skin”, editado em Portugal pela Dom Quixote em 2009) do jornalista espanhol Antonio Salas, que esteve infiltrado no grupo.

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A história dos “Ultras Sur” é um longo rol de episódios de violência e desacatos. Os elementos do grupo fundado em 1980 não escondem a ideologia de extrema-direita e é comum verem-se no sector destes adeptos bandeiras da Espanha franquista ou suásticas. A realidade dos “Ultras Sur” foi exposta num livro (“Diário de um Skin”, editado em Portugal pela Dom Quixote em 2009) do jornalista espanhol Antonio Salas, que esteve infiltrado no grupo.

Na fase final da ligação de José Mourinho ao Real Madrid, os “Ultras Sur” foram o único sector do Santiago Bernabéu que apoiou o treinador português. Não só entoaram o nome de Mourinho no último jogo do técnico ao comando da equipa, como lhe entregaram uma placa em reconhecimento pelo trabalho efectuado.

A decisão, por parte da direcção do Real Madrid, de desmantelar o grupo surgiu na sequência de um conflito surgido no seio do próprio grupo, escreve o diário espanhol El País. Segundo este jornal, no dia 9 de Novembro, horas antes do jogo contra a Real Sociedad, o conjunto de elementos mais veteranos dos “Ultras Sur” – entre os quais Álvaro Cadenas, líder histórico do grupo – foi desafiado num bar nas proximidades do Santiago Bernabéu por uma facção de elementos mais jovens, que reivindicavam poder e uma maior radicalização da claque. “O enfrentamento resultou na retirada de Cadenas, que até então tinha actuado como interlocutor dos dirigentes do clube”, pode ler-se.

Florentino Pérez, que herdou do anterior presidente Lorenzo Sanz uma espécie de pacto de tolerância relativamente à claque assente no bom comportamento dos seus elementos, decidiu desactivar os 250 bilhetes de época que a direcção merengue cede aos “Ultras Sur” todos os anos. Em consequência, o sector da bancada normalmente ocupado pela claque tem estado despido de adeptos. E existe a possibilidade de alguns dos elementos integrantes do grupo de extrema-direita verem ser-lhes retirada a categoria de sócios do clube.

“No Real Madrid não mandam nem os jornalistas, nem os jogadores, nem os ultras. No Real Madrid mandam os sócios” – estas são as palavras de ordem nos gabinetes do clube merengue, adiantou a Cadena COPE. Fontes da direcção do Real Madrid disseram ao El País que não haverá volta atrás na decisão. “Portaram-se mal. A partir de agora essa bancada será um sector de animação normal”, explicou ao jornal um empregado do clube que durante anos fez a ponte entre adeptos e dirigentes.