Croácia aprova em referendo emenda Constitucional que proíbe casamento homossexual

"Sim" à definição do casamento como união entre homem e mulher aprovado por dois terços dos eleitores, num voto com elevada taxa de abstenção.

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O primeiro-ministro lamentou que o país tenha sido arrastado para "um referendo triste e aberrante" Antonio Bronic/Reuters

Segundo os primeiros resultados oficiais, conhecidos quando foram contados um terço dos boletins, 65 por cento dos eleitores votaram "sim" à pergunta sobre se a Constituição deveria definir o casamento como "uma união entre um homem e uma mulher". A taxa de participação ainda não foi divulgada, mas três horas antes do fecho das urnas a Comissão Eleitoral revelava que rondava os 26%, muito abaixo dos 33,8% registados à mesma hora no referendo de 2012 à adesão da Croácia à União Europeia, escreve a AFP.

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Segundo os primeiros resultados oficiais, conhecidos quando foram contados um terço dos boletins, 65 por cento dos eleitores votaram "sim" à pergunta sobre se a Constituição deveria definir o casamento como "uma união entre um homem e uma mulher". A taxa de participação ainda não foi divulgada, mas três horas antes do fecho das urnas a Comissão Eleitoral revelava que rondava os 26%, muito abaixo dos 33,8% registados à mesma hora no referendo de 2012 à adesão da Croácia à União Europeia, escreve a AFP.

Os resultados surgem sem surpresa num país de 4,2 milhões de habitantes onde a Igreja Católica mantém forte influência e a religião é um dos factores da identidade nacional. O Governo de centro-esquerda mobilizou-se nos últimos dias contra a emenda constitucional e, já depois de votar, o primeiro-ministro, Zoran Milanovic, lamentou que o país tenha sido arrastado para "um referendo triste e aberrante". "Espero que seja a última vez que tenhamos de organizar um escrutínio desta forma sobre estas questões."

Mas para Tomislav Karamarko, líder do HDZ, a maior formação da direita nacionalista, a consulta destina-se a "proteger os valores tradicionais" face a imposições externas. "Não se trata de ameaçar os direitos dos outros, mas de manter o direito a ser quem nós somos. Infelizmente, para isso temos de introduzir na Constituição uma coisa que, à partida, seria natural", afirmou.

No pólo oposto, Eugen Pusic, activista dos direitos dos homossexuais, lamentou que a Croácia, membro da UE desde Julho, tenha "recorrido a métodos democráticos para ameaçar os valores fundamentais da democracia". "As pessoas que não têm nada a perder e já estão casadas, querem dizer aos outros como devem viver", indignou-se também o actor Vili Matula, que fez campanha pelo "não".

A Croácia percorreu um longo caminho desde que, em 2002, a primeira Parada de Orgulho Gay terminou com agressões a participantes. No ano seguinte, o país reconheceu as uniões civis entre casais homossexuais, com direitos idênticos aos heterossexuais na mesma situação.