Ambientalistas abandonam conferência climática da ONU

Acção em protesto contra lentidão das negociações para um novo tratado para combater o aquecimento global.

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Mais cedo para casa: ambientalistas abandonam estádio onde está a decorrer a conferência climática da ONU JANEK SKARZYNSKI/AFP

É o primeiro protesto do género, envolvendo simultaneamente várias organizações não-governamentais (ONG), na história das conferências climáticas da ONU, desde 1992, quando foi adoptada a Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. As ONG não participam do processo decisório em si da convenção, mas são parte integrante de muitas discussões oficiais.

A conferência de Varsóvia é um ponto de passagem no caminho rumo a um possível novo tratado climático em 2015 para reduzir as emissões globais de carbono e combater o aquecimento global. Mas as negociações estão a avançar com muita dificuldade, sequestradas pela divisão clássica entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Uma das pedras no sapato é a discussão sobre como os países ricos financiarão os mais pobres para lidarem com os efeitos das alterações climáticas. Também em causa está o calendário do que deve acontecer entre agora e 2015, especialmente os compromissos que devem ser assumidos pelos diferentes países.

Nos documentos em discussão em Varsóvia até esta quinta-feira apenas há menção para que sejam apresentadas propostas ou promessas até 2015. Mas o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, apelou aos países para apresentarem compromissos concretos até Setembro do próximo ano. Nessa altura, chefes de Estado e de Governo vão reunir-se em Nova Iorque para discutir o assunto, num evento promovido por Ban Ki-Moon à margem das negociações oficiais.

A conferência de Varsóvia tem sido marcada por uma série de episódios que acrescentam mais cepticismo sobre o resultado das negociações. O Japão, por exemplo, recuou nas suas metas de emissões de CO2: até à semana passada, o país prometia reduzir as emissões em 25% até 2020, em relação a 1990; agora diz que vai aumentá-las em 3%.

A Polónia, anfitriã da conferência, também tem sido criticada pelos ambientalistas, por promover o carvão – de que depende para produzir 90% da sua electricidade – num evento paralelo à reunião da ONU. Além disso, o ministro do Ambiente polaco, que preside à conferência de Varsóvia, foi demitido durante o próprio evento, no âmbito de uma remodelação ministerial anunciada pelo Governo na última quarta-feira.

“O Governo polaco fez de tudo para transformar estas negociações num show da indústria do carvão”, critica Kumi Naidoo, director da Greenpeace, num comunicado. “Além dos recuos do Japão, Austrália e Canadá, e da ausência de uma liderança significativa de outros países, os governos deram aqui uma bofetada na face dos que sofrem dos efeitos das alterações climáticas”, acrescenta.

Membros de organizações ambientalistas e humanitárias, como a Greenpeace, WWF, Amigos da Terra, Oxfam e Christian Aid, deixaram o estádio onde decorre a conferência vestindo camisolas com a inscrição “Nós voltaremos”.

Já a Rede de Acção Climática Europeia, que reúne organizações não-governamentais da UE, preferiu permanecer na conferência, apesar de compartilhar das razões do protesto. “O papel das ONG europeias é importante nesta fase”, justifica Francisco Ferreira, da associação portuguesa Quercus. A decisão de permanecer, acrescenta Francisco Ferreira, também leva em conta o facto de a UE, apesar de tudo, ter vindo a fazer um esforço maior do que muitos países no combate às alterações climáticas.

A conferência climática de Varsóvia está agendada para terminar nesta sexta-feira.
 

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É o primeiro protesto do género, envolvendo simultaneamente várias organizações não-governamentais (ONG), na história das conferências climáticas da ONU, desde 1992, quando foi adoptada a Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. As ONG não participam do processo decisório em si da convenção, mas são parte integrante de muitas discussões oficiais.

A conferência de Varsóvia é um ponto de passagem no caminho rumo a um possível novo tratado climático em 2015 para reduzir as emissões globais de carbono e combater o aquecimento global. Mas as negociações estão a avançar com muita dificuldade, sequestradas pela divisão clássica entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Uma das pedras no sapato é a discussão sobre como os países ricos financiarão os mais pobres para lidarem com os efeitos das alterações climáticas. Também em causa está o calendário do que deve acontecer entre agora e 2015, especialmente os compromissos que devem ser assumidos pelos diferentes países.

Nos documentos em discussão em Varsóvia até esta quinta-feira apenas há menção para que sejam apresentadas propostas ou promessas até 2015. Mas o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, apelou aos países para apresentarem compromissos concretos até Setembro do próximo ano. Nessa altura, chefes de Estado e de Governo vão reunir-se em Nova Iorque para discutir o assunto, num evento promovido por Ban Ki-Moon à margem das negociações oficiais.

A conferência de Varsóvia tem sido marcada por uma série de episódios que acrescentam mais cepticismo sobre o resultado das negociações. O Japão, por exemplo, recuou nas suas metas de emissões de CO2: até à semana passada, o país prometia reduzir as emissões em 25% até 2020, em relação a 1990; agora diz que vai aumentá-las em 3%.

A Polónia, anfitriã da conferência, também tem sido criticada pelos ambientalistas, por promover o carvão – de que depende para produzir 90% da sua electricidade – num evento paralelo à reunião da ONU. Além disso, o ministro do Ambiente polaco, que preside à conferência de Varsóvia, foi demitido durante o próprio evento, no âmbito de uma remodelação ministerial anunciada pelo Governo na última quarta-feira.

“O Governo polaco fez de tudo para transformar estas negociações num show da indústria do carvão”, critica Kumi Naidoo, director da Greenpeace, num comunicado. “Além dos recuos do Japão, Austrália e Canadá, e da ausência de uma liderança significativa de outros países, os governos deram aqui uma bofetada na face dos que sofrem dos efeitos das alterações climáticas”, acrescenta.

Membros de organizações ambientalistas e humanitárias, como a Greenpeace, WWF, Amigos da Terra, Oxfam e Christian Aid, deixaram o estádio onde decorre a conferência vestindo camisolas com a inscrição “Nós voltaremos”.

Já a Rede de Acção Climática Europeia, que reúne organizações não-governamentais da UE, preferiu permanecer na conferência, apesar de compartilhar das razões do protesto. “O papel das ONG europeias é importante nesta fase”, justifica Francisco Ferreira, da associação portuguesa Quercus. A decisão de permanecer, acrescenta Francisco Ferreira, também leva em conta o facto de a UE, apesar de tudo, ter vindo a fazer um esforço maior do que muitos países no combate às alterações climáticas.

A conferência climática de Varsóvia está agendada para terminar nesta sexta-feira.