Polónia demite ministro do Ambiente durante negociações climáticas

Governante está a presidir à conferência da ONU sobre alterações climáticas em Varsóvia.

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Marcin Korolec (à direita) vai presidir as negociações climáticas até ao fim KACPER PEMPEL/REUTERS

O ministro do Ambiente da Polónia, Marcin Korolec, foi demitido esta quarta-feira, num momento em que preside à conferência anual das Nações Unidas sobre alterações climáticas, na própria capital do país.

A saída de Korolec foi anunciada esta quarta-feira pelo primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, no âmbito de uma remodelação governamental. A principal mudança foi a substituição do ministro das Finanças, mas também foram nomeados novos responsáveis para as áreas da Ciência e Ensino Superior, Desporto e Administração.

O primeiro-ministro justificou a remodelação com a necessidade de “energia renovada” para o desenvolvimento do país. Mas a demissão do ministro do Ambiente foi anunciada numa conjuntura singular, quando quase duas centenas de países estão a discutir, na Polónia, os passos para se chegar a um novo acordo climático global em 2015.<_o3a_p>

Normalmente, as conferências anuais da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas são presididas pelo ministro do Ambiente do país anfitrião. Korolec vai continuar a liderar as negociações, que se prolongam até sexta-feira. Mas já não estará à frente das questões ambientais do país quando o evento terminar.<_o3a_p>

Prioridade é exploração de gás de xisto
O seu substituto, Maciej Grabowski, disse que a sua prioridade será a exploração de gás de xisto, uma forma de combustível fóssil que está a revolucionar o mercado mundial da energia. “Temos a possibilidade de nos tornarmos um país líder nesta área nos próximos meses”, afirmou, citado pela agência Reuters, numa conferência de imprensa esta quarta-feira, na qual o primeiro-ministro comunicou a remodelação.<_o3a_p>

“Justificar a mudança do ministro com a necessidade de promover a exploração de mais um combustível fóssil na Polónia é algo que não tem explicação”, comenta Maciej Muskat, da organização ambientalista Greenpeace, num comunicado.<_o3a_p>

Os combustíveis fósseis são o principal vilão do aquecimento global. E reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) – um dos objectivos das negociações em curso em Varsóvia – passa em grande medida pela utilização de fontes de energia alternativas ao petróleo, carvão e gás natural.<_o3a_p>

A Polónia, no entanto, depende umbilicalmente do carvão, combustível que é responsável por 90% da produção eléctrica do país. O Governo tem-se mostrado, por isso, contrário a uma elevação da meta de redução de emissões da União Europeia – que neste momento é de 20% até 2020.

Na semana passada, ao mesmo tempo em que começava a conferência climática da ONU, o Governo polaco promoveu um evento separado sobre a exploração do carvão.<_o3a_p>

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