Abelhas usam piloto-automático biológico para aterrar

Têm uma capacidade de aterrar em cima das flores com grande precisão, o que pode ser inspirador para desenvolver novos sistemas tecnológicos.

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As abelhas podem inspirar o desenvolvimento de novos sistema de aterragem Paulo Ricca/Arquivo

Uma equipa da Universidade de Queensland, na Austrália, liderada pelo neurocientista Mandyam Srinivasan, analisou a capacidade para aterrar com precisão das abelhas, que têm o cérebro de tamanho de uma semente de sésamo e não possuem visão binocular.

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Uma equipa da Universidade de Queensland, na Austrália, liderada pelo neurocientista Mandyam Srinivasan, analisou a capacidade para aterrar com precisão das abelhas, que têm o cérebro de tamanho de uma semente de sésamo e não possuem visão binocular.

Na investigação, publicada esta segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, os cientistas usaram câmaras de alta velocidade para gravar as aterragens das abelhas e posteriormente calcular as diferentes velocidades utilizadas em diferentes pontos da trajectória aérea.

À medida que uma pessoa se aproxima de um objecto, este parece cada vez maior e se o movimento ocorrer a uma velocidade constante, então o tamanho aumenta muito mais rapidamente, explicou Mandyam Srinivasan.

Nas abelhas isso não acontece porque elas adequam a velocidade, reduzindo-a à medida que se aproximam do objectivo, o que permite que seja proporcional à distância do ponto de aterragem.

“Se a distância duplica, as abelhas aumentam a velocidade de aproximação para o dobro”, acrescentou o cientista, sublinhando que este mecanismo de regulação é “um precioso piloto-automático”.

Os investigadores utilizaram uma pista de aterragem com o desenho de uma espiral giratória para alterar a percepção do tamanho do objectivo segundo o ângulo de aterragem, o que levou a que nalguns casos as abelhas travassem ou acelerassem até caírem na superfície.

Os investigadores tentam agora aplicar estes conhecimentos ao desenvolvimento de sistemas de aterragem para aparelhos voadores autónomos que não dependam de radares e sonares.