Antigo secretário da embaixada em Luanda defende diálogo e compreensão

“As nossas fragilidades acabam por afectar angolanos e Angola (...) mas não vamos exagerar o tratamento disto, já que todo o discurso mais ácido é contraproducente”, sublinhou o actual director executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa.

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“As nossas fragilidades acabam por afectar angolanos e Angola (...) mas não vamos exagerar o tratamento disto, já que todo o discurso mais ácido é contraproducente”, sublinhou o actual director executivo do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa.

“Os interesses mútuos vão acabar por prevalecer. Os Estados demoram mais a resolver estas situações, em que os operadores económicos podem ser importantes”, acrescentou, à margem da reunião da comissão da cultura, ciência, educação e media da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. O diplomata disse que este “exorcismo do passado colonial que Angola já devia ter sido ultrapassado”.

“Espero que estes sinais de natureza oficial não abram caminho a quem não gosta de nós em Angola, e se sinta legitimado por uma espécie de carta de alforria”, advertiu.

A tensão diplomática entre Portugal e Angola levou o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, a anunciar a suspensão da parceria estratégica entre Luanda e Lisboa. Alguns dias antes, em entrevista à Rádio Nacional de Angola, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, tinha pedido desculpa a Luanda pelas investigações do Ministério Público português, declarações que provocaram polémica em Lisboa.

Na quarta-feira à noite, o chefe da diplomacia angolana, Georges Chikoti, disse, em entrevista à Televisão Pública de Angola, que Luanda deixou de considerar prioritária a cooperação com Portugal, elegendo África do Sul, China e Brasil como alternativas.

Sobre a realização da primeira cimeira bilateral, inicialmente prevista para o final deste ano e adiada para Fevereiro de 2014, o ministro angolano disse não ter “muita certeza” sobre a sua efectiva realização. Em resposta, o ministro da presidência, Luís Marques Guedes, declarou que o governo português dá prioridade à resolução de “todas as perturbações que possam existir” na relação entre Portugal e Angola, que pretende manter e aprofundar.

Notícia corrigida às 15h52 de 28/10/2013 Francisco Seixas da Costa foi secretário da embaixada de Portugal em Luanda e não embaixador.