Futuro de bispo alemão "amante do luxo" nas mãos do Vaticano

A forma como o Papa Francisco vai lidar com o caso do bispo Tebartz-van Elst é vista como um importante sinal de como tenciona promover a simplicidade da Igreja Católica.

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Franz-Peter Tebartz-van Elst, bispo de Limburgo, no estado do Hesse, perto de Frankfurt, viajou, segundo a Reuters, num voo de baixo custo, na sequência de um escândalo a que deu origem na Igreja alemã, ao ter mandado construir um luxuoso complexo residencial diocesano. O novo Papa, Francisco, tem proclamado, pelo contrário, uma “Igreja pobre para os pobres”.

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Franz-Peter Tebartz-van Elst, bispo de Limburgo, no estado do Hesse, perto de Frankfurt, viajou, segundo a Reuters, num voo de baixo custo, na sequência de um escândalo a que deu origem na Igreja alemã, ao ter mandado construir um luxuoso complexo residencial diocesano. O novo Papa, Francisco, tem proclamado, pelo contrário, uma “Igreja pobre para os pobres”.

“O bispo deixou bem claro que qualquer decisão sobre o seu serviço como bispo está nas mãos do Santo Padre", informa um comunicado divulgado pela diocese no sábado. “O bispo está triste pela escalada da actual discussão. Vê e lamenta que muitos fiéis estejam a sofrer com a presente situação.”

Já esta segunda-feira, o chefe da Igreja Católica germânica, arcebispo Robert Zollistsch, disse que Tebartz-van Elst deve fazer "autocrítica". Questionado em Roma, confirmou que vai discutir o assunto com o Papa e que o caso não deve ficar "sem consequências". 

Os resultados de um inquérito preliminar aos custos da sumptuosa residência diocesana, e do complexo de que faz parte, revelado após a visita de um enviado do Vaticano a Limburgo, em Setembro, indicam que foram gastos pelo menos 31 milhões de euros, seis vezes mais do que o previsto. O jornal Welt am Sonntag escreveu no domingo que o custo final pode chegar aos 40 milhões.

Prelado com "desejos extravagantes"
Para além da residência episcopal, o complexo inclui um museu, salas de conferências, capela e apartamentos privados. Inicialmente, os custos do projecto, decidido pelo antecessor do actual bispo, tinham sido estimados em 5,5 milhões de euros. O arquitecto que desenhou o projecto disse que o agravamento de custos se deve aos “desejos extravagantes” do prelado, conhecido na Alemanha como “Bispo do Luxo”.

Numa declaração ao diário Bild, Tebartz-van Elst disse: “Compreendo que o elevado custo de 31 milhões de euros assusta. Os que me conhecem sabem que não tenho um estilo de vida pomposo”.

O bispo, de 53 anos, descrito como autoritário, numa carta aberta sobre as despesas excessivas assinada por mais de 4400 fiéis, é também acusado de ter mentido sob juramento no caso de uma viagem de avião em classe executiva, quando se deslocou à Índia para um programa de luta contra a pobreza. Na semana passada, a Procuradoria de Hamburgo anunciou a intenção de o multar por falsas declarações à revista Der Spiegel sobre a viagem.

A conferência episcopal alemã nomeou uma comissão especial para investigar as finanças da diocese, a qual deverá apresentar o relatório antes do final do ano. O arcebispo Robert Zollistsch disse que as acusações ao bispo atingem todos os crentes e que discutiria o assunto esta semana em Roma, com o Papa. Depois da visita de representantes do Vaticano, o bispo pediu desculpa por “qualquer descuido ou erro de julgamento”.

A forma de Francisco lidar com o problema é vista como um importante sinal da forma como tenciona promover a simplicidade numa Igreja abalada por escândalos sexuais e por opacas operações financeiras.