Kerry elogia Síria pelo "bom início" na destruição de armas químicas

"Penso que temos de atribuir crédito ao regime de Assad" pela forma como o processo arrancou, disse o chefe da diplomacia dos EUA.

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Kerry e Lavrov querem organizar a conferência de paz para a Síria em meados de Novembro Sonny Tumbelaka/AFP

Domingo, um porta-voz da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), que coordena o processo, revelou que começaram a ser destruídas munições e equipamentos usados para misturar e introduzir os agentes tóxicos em ogivas. Esta primeira fase do plano deve estar concluída até ao final do mês, começando então a neutralização dos arsenais propriamente ditos.

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Domingo, um porta-voz da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), que coordena o processo, revelou que começaram a ser destruídas munições e equipamentos usados para misturar e introduzir os agentes tóxicos em ogivas. Esta primeira fase do plano deve estar concluída até ao final do mês, começando então a neutralização dos arsenais propriamente ditos.

“O processo começou num tempo recorde e elogiamos a Rússia pela sua cooperação e, obviamente, a Síria pelo cumprimento” do que foi acordado, disse Kerry numa conferência imprensa com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, à margem do fórum de Cooperação Económica da Ásia-Pacífico (APEC), na Indonésia.

O chefe da diplomacia dos EUA, que há pouco mais de um mês ameaçava punir o regime sírio pelo ataque de 21 de Agosto, quando centenas de pessoas morreram em subúrbios de Damasco bombardeados com gás sarin, disse que é “extremamente significativo” que a destruição do arsenal tenha começado “uma semana depois de aprovada a resolução” nas Nações Unidas. “Penso que temos de atribuir crédito ao regime de Assad, francamente. Foi um bom início e nós saudamos este bom início”, sublinhou.

Esta é a primeira vez que a OPQA foi incumbida de coordenar a destruição de armas químicas durante uma guerra. Um feito inédito que além dos riscos acrescidos para os peritos internacionais complica o desfecho da missão. A lista que Damasco entregou à organização permanece secreta, mas fontes dos serviços secretos dizem existir perto de meia centena de locais associados ao programa de armas químicas, alguns dos quais estão em zonas de combate. Calcula-se também que o arsenal químico sírio rondará as mil toneladas, sobretudo gás mostarda e sarin, que terá de ser completamente neutralizado no espaço de nove meses.

Na conferência de imprensa, Lavrov reafirmou que a Rússia e os EUA querem que a conferência de paz para a Síria – a há muito adiada Genebra 2 – aconteça em “meados de Novembro”, tal como foi proposto na última reunião do Conselho de Segurança da ONU. “Chegámos a acordo sobre as medidas a adoptar para que o Governo e a oposição participem nesta conferência”, afirmou.

Apesar das repetidas promessas, as posições dos dois beligerantes permanecem ainda irreconciliáveis: o regime de Damasco diz que não negociará com “terroristas” (termo que usa para os grupos rebeldes); a oposição está ainda mais reticente, dividida entre os que rejeitam dialogar com o regime sírio e os que só estão disponíveis a participar se em cima da mesa estiver o afastamento do Presidente Bashar al-Assad.

Notícia corrigida: Conferência de paz sobre a Síria está prevista para "meados de Novembro".