Morreu o general Giap, um herói do Vietname

Foi o braço militar da revolução de Ho Chi Minh. Expulsou os franceses da Indochina e humilhou os americanos.

Foto
O general Giap (ao fundo), com Ho Chi Min AFP

 “A coisa mais importante é o povo”, disse em 2005 ao Christian Science Monitor. “Um exército que luta pela liberdade tem grande poder de iniciativa. Infelizmente, os imperialistas nunca aprenderam isso. São alunos muito estúpidos. Nunca aprendem com a experiência”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

 “A coisa mais importante é o povo”, disse em 2005 ao Christian Science Monitor. “Um exército que luta pela liberdade tem grande poder de iniciativa. Infelizmente, os imperialistas nunca aprenderam isso. São alunos muito estúpidos. Nunca aprendem com a experiência”.

Como outros grandes revolucionários asiáticos, há dúvidas sobre a origem de Giap — seria filho de pais camponeses ou seria filho da elite. A história oficial diz que estudou em Hanói (o que não era para todos), que aprendeu a falar um francês perfeito e que aos 14 anos já integrara a organização clandestina contra a ocupação francesa da Indochina.

Licenciou-se em Direito, foi professor de História e jornalista, foi perseguido e entrou para o Partido Comunista Vietnamita (ilegal) onde se tornou amigo e seguidor das ideias revolucionárias e nacionalistas de Ho Chi Minh. Ho queria avançar na luta armada e Giap tornou-se o melhor dos generais lendo livros (os sobre a guerrilha e o terrorismo nas revoluções de Mao Tsetung), manuais de estratégia militar e histórias de campanhas vitoriosas, e organizou a resistência armada.

No perfil que lhe dedica, o jornal americano The New York Times refere que venceu batalhas com perícia e inteligência, mas também com armas que os inimigos nunca perceberam — durante a Guerra do Vietname (1955-1975), morreram 2,5 milhões de pessoas e delas “só” 58 mil foram americanos. Giap reconheceu o sacrifício de vidas: “Nenhuma guerra de libertação nacional foi tão feroz ou causou tantas mortes como esta. Mas lutávamos pelo Vietname e nada é mais precioso do que a independência e a liberdade, disse numa entrevista à Associated Press”.

“Como Ho Chi Minh, [Giap] acreditava de forma devota que os vietnamitas suportariam qualquer fardo para libertar a sua terra dos exércitos estrangeiros”, diz o Times que caracteriza o general como uma figura erudita e magnética com grande capacidade para transformar o sentimento nacionalista dos seus homens numa terrível força bélica.

Em 1953, derrotou os franceses em Dien Bien Phu, precipitando a sua retirada da Indochina. A ofensiva de Tet (1968), foi o ponto de viragem na Guerra do Vietname; os americanos sairiam em 1975.

Após a vitória das forças revolucionárias comunistas do Norte e a unificação, Giap manteve-se no governo até 1980. Nunca perdeu o pensamento estratégico e geoestratégico (defendeu reformas económicas e promoveu boas relações com o ex-inimigo americano). O Times diz que a jovem população vietnamita sabe pouco da política de Giap, mas venera o general. No clube dos heróis, só está abaixo de Ho Chi Minh.