Candidato do CDS de Carregal do Sal diz ter sido agredido pelo filho do presidente da câmara

Alegado agressor defende-se dizendo que foi “tudo uma encenação”.

O desentendimento entre Luís Fidalgo e Pedro Nunes já é antigo e envolve queixas de ambas as partes no Ministério Público. Agora, segundo o candidato do CDS-PP, as “ameaças” passaram a “acção” com o episódio ocorrido na quarta-feira.

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O desentendimento entre Luís Fidalgo e Pedro Nunes já é antigo e envolve queixas de ambas as partes no Ministério Público. Agora, segundo o candidato do CDS-PP, as “ameaças” passaram a “acção” com o episódio ocorrido na quarta-feira.

Luís Fidalgo contou que, depois do almoço, quando estava a sair de um restaurante com o filho de 14 anos, foi abordado pelo alegado agressor. “Ele estava ali, à minha espera. Começou a berrar e a dizer que eu não chegava às eleições e nem posse iria tomar. Acto contínuo, dá-me murros na cabeça e na face”. Depois, contou, “agrediu também o meu filho, que tentou defender-me”. Ainda segundo Luís Fidalgo, o agressor “fugiu, porque eu comecei a berrar muito”.

Depois de apresentar queixa no posto local da GNR, o agredido foi ao Hospital de Tondela, para ser observado a ferimentos no olho. Na quarta-feira, dirigiu-se ao Instituto Nacional de Medicina Legal, em Viseu, para mais exames.

Luís Fidalgo espera que o episódio não se volte a repetir e admitiu viver em “constante sobressalto”. “Há mais de um ano que sou alvo de ameaças e perseguições”, contou.

“Ele lembrou-se de me eleger a mim como uma pessoa a liquidar”, sublinhou, frisando que, desde que anunciou a sua candidatura, “os outdoors e cartazes aparecem sempre vandalizados e alguns deles com tinta vermelha no meu peito”. Para Luís Fidalgo, são “situações surrealistas que me deixam, e à minha família, em sobressalto”.

O candidato admitiu que o desentendimento entre ele e o filho do presidente começou por causa de umas obras no centro social de que era presidente, mas que o caso já ultrapassou a “esfera política”. “E ele nem sequer é candidato”, sustentou.

Filho do presidente defende-se
E é essa também a justificação dada por Pedro Nunes, que disse estar “estupefacto” com a acusação de ser um agressor. “Eu nem sequer sou candidato, nem tenho pretensões políticas. Tudo isto é uma tentativa desesperada deste senhor de se promover”, argumentou o filho do presidente.

Segundo Pedro Nunes, a desavença com Luís Fidalgo resume-se efectivamente à falta de pagamento de uma verba relativamente às obras no centro social e que espera que fique resolvida “rapidamente”. 

O episódio de quarta-feira, frisou, “é mais uma atitude de quem está numa luta desesperada pelo poder”. E contou: “Efectivamente, encontrei-o e disse-lhe que tomasse juízo e pagasse o que devia. O que ele fez foi vir contra mim e magoou-se no olho com o próprio telemóvel. Fez uma berraria e, dez minutos depois, já toda a gente andava a dizer que eu o tinha agredido. É claro que se tratou de uma situação arquitectada, com vista a promover-se. Uma luta desesperada de quem já concorreu pelo PS, foi eleito nas listas do PSD e agora vai pelo único partido que o aceita”, disse.

“Se eu tivesse pretensões políticas, ainda era capaz de entender. Mas nem isso. Só se for por ser filho de quem sou”, concluiu. Pedro Nunes anunciou que vai também apresentar queixa, que se junta a outras já remetidas por “difamação e calúnia”.

Luís Fidalgo foi, há quatro anos, eleito para a Câmara de Carregal do Sal pelas listas do PSD e assumiu o cargo de vice-presidente, cargo que exerceu até há um mês. Agora é cabeça de lista do CDS-PP às eleições de domingo. O alegado agressor é filho do actual presidente da autarquia, Atílio dos Santos, que não se recandidata a mais um mandato.