“Inconsistência” de Crato em relação ao Inglês indigna pais e professores

CNIPE e associação profissional de docentes de língua inglesa consideram que ministro entrou ou cedeu à campanha eleitoral.

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Crato pediu ajuda ao Conselho Nacional de Educação para tornar obrigatório o Inglês no 1.º ciclo Nélson Garrido/Arquivo

O termo usado foi o mesmo e as razões apontadas são idênticas. Rui Martins, da CNIPE, e Alberto Gaspar, da APPI, manifestaram-se surpreendidos com “a rapidez” com que, na sua perspectiva, o ministro passou de uma posição de desvalorização do Inglês para, hoje, considerar o ensino desta língua “fundamental” e desejavelmente obrigatório no 1.º ciclo do básico.

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O termo usado foi o mesmo e as razões apontadas são idênticas. Rui Martins, da CNIPE, e Alberto Gaspar, da APPI, manifestaram-se surpreendidos com “a rapidez” com que, na sua perspectiva, o ministro passou de uma posição de desvalorização do Inglês para, hoje, considerar o ensino desta língua “fundamental” e desejavelmente obrigatório no 1.º ciclo do básico.

“O que será de nós e dos nossos filhos quando o ministro da Educação prefere trabalhar para o Dr. Passos Coelho e arrebanhar votos para as autárquicas a olhar para a Educação? Como é que podemos levar a sério estas afirmações?”, criticou Rui Martins, da CNIPE. Também Alberto Gaspar se referiu ao facto de o tema ter entrado no discurso da campanha para as eleições autárquicas, na última semana, para defender que a “mudança súbita de posição” se “deve a pressões exteriores”.

Críticas de todos os lados

Um despacho de Julho fez com que a disciplina, que era de oferta obrigatória nas Actividades de Enriquecimento Curricular, passasse, apenas, “a poder” ser oferecida pelas escolas. Muitos pais só se aperceberam das consequências da medida na semana passada, com o recomeço das aulas, e ela tornou-se alvo de críticas de dirigentes de partidos da oposição, de comentadores e de candidatos autárquicos.

Esta segunda-feira, na sessão solene de abertura do ano lectivo 2013-2014 do Conselho Nacional de Educação (CNE), Nuno Crato voltou a pegar no tema. Disse desejar que todos os alunos do 1.º ciclo passem a ter Inglês como disciplina curricular obrigatória e acrescentou que tal só não acontece, ainda, porque essa mudança no programa curricular terá “implicações no 2.º e no 3.º ciclos”. Nesse contexto, pediu ajuda aos conselheiros para encontrar a forma de desenvolver o Inglês nas escolas, do 1.º ao 9.º ano de escolaridade.

“Claro que o princípio nos agrada, mas só posso dizer que temo muito que o processo não se desenvolva com pés e cabeça”, disse Alberto Gaspar, da APPI. Frisou que “a despromoção do Inglês” não resultou apenas do fim da oferta obrigatória no 1.º ciclo. Na sua perspectiva, ela advém, igualmente, “da redução da carga horária semanal da disciplina” nalguns anos do 2.º e no 3.º ciclos e no facto de Crato “ter deixado cair a imposição da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, segundo a qual os professores do 1.º ciclo deviam ter experiência de ensino de crianças, para além da formação científica adequada”.

“Agora qualquer professor de Inglês, mesmo que só tenha experiência de secundário, pode dar 1.º ciclo, desde que seja para completar horário”, disse.

Alberto Gaspar considera que “aquelas medidas, contraditórias com a criação do anunciado teste diagnóstico obrigatório no 9.º ano, resumem-se numa palavra: inconsistência”.

Rui Martins, da CNIPE, lamentou que “as crianças estejam a ser vítimas de uma política inconsistente de um ministro que resolveu entrar na campanha”.

Por exemplo, Luís Filipe Menezes (PSD-Porto) e Vítor Sousa (PS-Braga) já prometerem que, se vencerem, nos seus municípios haverá Inglês para todas as crianças do básico.