Caso “excepcional” de maus tratos não mancha prestígio do Colégio Militar, diz Aguiar- Branco

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No regulamento do Colégio Militar as "manifestações de afecto” são infracções disciplinares “muito graves” Pedro Cunha

"O Colégio Militar tem uma história de prestígio que honra todos aqueles que passaram por aquela instituição. Não é uma situação, que é uma situação excepcional e que ocorre em todas as instituições onde há pessoas e comportamentos desviantes, que mancha essa realidade", afirmou Aguiar-Branco, à margem de uma visita ao quartel dos Comandos, na Carregueira, Sintra.

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"O Colégio Militar tem uma história de prestígio que honra todos aqueles que passaram por aquela instituição. Não é uma situação, que é uma situação excepcional e que ocorre em todas as instituições onde há pessoas e comportamentos desviantes, que mancha essa realidade", afirmou Aguiar-Branco, à margem de uma visita ao quartel dos Comandos, na Carregueira, Sintra.

Segundo os despachos de acusação e de pronúncia, a que a agência Lusa teve acesso, os arguidos tinham, à data dos factos, entre 17 e 22 anos, e frequentavam o último ano na condição de graduados e/ou comandantes de companhia ou secção, enquanto as três vítimas tinham 11 e 13 anos (dois dos ofendidos).

“[O Colégio Militar] deu e dá muitos contributos para a afirmação de Portugal e de cidadãos que depois dão o seu contributo à sociedade portuguesa de uma forma extraordinária", frisou o ministro, que falou ainda sobre a reforma promovida pelo Governo, que tem objectivos definidos: "Visa precisamente contribuir para que o Colégio Militar continue a poder ser uma mais-valia para Portugal, que tenha uma capacidade de atrair ainda mais alunos como aconteceu este ano e, por via disso, poder prestar também um serviço à sociedade portuguesa".

Quanto ao balanço do início do ano lectivo, afirmou: "Estou muito satisfeito, porque o início do ano escolar no Colégio Militar foi positivo. A integração das meninas que, pela primeira vez, vão estar a estudar na instituição, é um sucesso. Isso é que é importante. Os resultados e o que está a acontecer deixam-nos tranquilos".

Em relação ao processo dos alegados maus tratos cometidos entre 2006 e 2008 no interior do Colégio Militar – instituição de ensino dependente do Ministério da Defesa Nacional e sob responsabilidade do Exército –, o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa decidiu levar a julgamento todos os arguidos, apesar de diminuir de seis para quatro os crimes de maus tratos pelos quais os oito ex-alunos vão responder em tribunal.

"Castigar um aluno (uma criança de 11 a 13 anos) que frequenta um colégio militar com 20 flexões por não ter feito a cama em condições ou obrigar a fazer 30/40 flexões por faltar ao respeito a um superior poder-se-á entender que é uma atitude pedagógica e necessária para incutir responsabilidade aos mais novos", refere o despacho de pronúncia do TIC. "Mas mandá-lo [ao aluno] fazer 20/30 flexões e obrigá-lo a repetir o mesmo exercício vezes sem conta (podendo chegar às 100, 200 flexões) até ser bem executado, e dar-lhe pontapés porque, já exausto, não é capaz de continuar o exercício, ou dar uma chapada a ponto de rebentar um tímpano do menor, é um acto criminoso", considera o tribunal.