Sindicato dos Jornalistas está “preocupado”, Observatório de Imprensa critica decisão

Depois dos três canais de televisão terem decidido não fazer cobertura da campanha autárquica, as opiniões divergem.

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Pedro Cunha / Arquivo

Joaquim Vieira disse que esta posição das televisões “limita o direito dos cidadãos”, pelo que as televisões deviam continuar a fazer o seu tipo de cobertura e desafiarem a CNE, “até do ponto de vista judicial”.

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Joaquim Vieira disse que esta posição das televisões “limita o direito dos cidadãos”, pelo que as televisões deviam continuar a fazer o seu tipo de cobertura e desafiarem a CNE, “até do ponto de vista judicial”.

“Sei que isso é arriscado, tem custos complicados, mas seria  a melhor posição para defender, de facto, aquela que as televisões acham que é a melhor maneira de informar os cidadãos”, disse, em declarações à TSF.

Já o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Alfredo Maia, disse estar “muito preocupado” com uma eventual limitação pelas televisões da cobertura da campanha para as eleições autárquicas e apelou à reponderação de uma decisão que prejudica a democracia.

RTP, SIC e TVI dizem que não se trata de posição concertada, mas devido à “interpretação restritiva da lei” feita pela CNE, todas preferem não emitir imagens de arruadas, idas a mercados ou comícios. Por isso, vão limitar a sua cobertura ao acompanhamento dos líderes partidários, e mesmo assim apenas no que diz respeito a temas de interesse nacional.

A lei exige que todas as candidaturas, independentemente da sua dimensão ou influência, tenham igual tratamento por parte dos órgãos de comunicação social, por isso, se se fizer a cobertura de uma acção de campanha de um candidato em Lisboa, terá que se fazer dos restantes oito. As televisões dizem não ter meios para tal e reclamam critérios editoriais para seleccionar a informação.

Alfredo Maia disse que os operadores de televisão, em particular a RTP como operadora de serviço público, têm a obrigação de assegurar o melhor possível e com o maior pluralismo a cobertura das campanhas eleitorais e não se limitarem ao acompanhamento de líderes partidários.

“É verdade que há um aparente conflito com a CNE e mesmo com os tribunais, mas enfrentar as suas decisões é um risco tão natural no jornalismo como muitos outros riscos que os jornalistas correm todos os dias. Os desafios que se colocam aos órgãos, em particular aos operadores de televisão, é que encontrem formas de enfrentar estes riscos específicos no desemprenho da sua missão de garantir aos cidadãos a informação”, sublinhou.