Trabalhadores do radiotelescópio ALMA estão em greve

As negociações falharam e o maior radiotelscópio do mundo mantém apenas as operações básicas. Profissionais querem aumento de salário e menos horas de trabalho.

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O ALMA foi inaugurado em Março Ariel Marinkovic/AFP

O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), instalado a cerca de 5000 metros de altitude, no deserto do Atacama, no Chile, é o maior radiotelescópio do mundo e foi inaugurado em Março último. O projecto é o resultado de uma parceria entre a Europa, através do Observatório Europeu do Sul (ESO), os Estados Unidos Canadá, Japão e Taiwan, em cooperação com o Chile, e que envolve um investimento de mil milhões de euros.

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O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), instalado a cerca de 5000 metros de altitude, no deserto do Atacama, no Chile, é o maior radiotelescópio do mundo e foi inaugurado em Março último. O projecto é o resultado de uma parceria entre a Europa, através do Observatório Europeu do Sul (ESO), os Estados Unidos Canadá, Japão e Taiwan, em cooperação com o Chile, e que envolve um investimento de mil milhões de euros.

O objectivo do telescópio é observar a origem das galáxias, das estrelas e da vida. Estava previsto até ao final do ano a instalação das 66 antenas do radiotelescópio, com capacidade de observação da luz no comprimento de onda entre o milímetro e o submilímetro. Em Março, já tinham sido instaladas 57 antenas.

A contenda dá-se agora que o contrato de trabalho de três anos destes empregados terminou a 13 de Julho. Segundo uma notícia no site da revista Nature, a 1 de Julho, o sindicato, que representa cerca de 80% dos trabalhadores chilenos do ALMA, propôs um aumento de salário de 15% e uma diminuição nas horas de trabalho. “O que tentámos foi chegar a um contrato colectivo com condições semelhantes às dos outros observatórios internacionais localizados aqui no Chile”, diz, citado pela Nature, Victor Gonzalez, um engenheiro de software do ALMA e presidente do sindicato.

Os trabalhadores querem turnos de 11 horas em vez de 12, e exigem passar a trabalhar 40 hora por semana e não as actuais 45. O sindicato argumenta que os trabalhadores estão submetidos ao isolamento e a um quotidiano em grande altitude com baixas temperaturas, pouco oxigénio e muito vento. Os empregados trabalhavam oito dias seguidos e repousavam seis.

A Associated Universities Incorporated, a empresa, com sede na cidade de Washington, que emprega estes profissionais, explica por sua vez que avaliou as condições de trabalho que existem naquela região do Chile, e diz que o que oferece está dentro da média. Houve várias rondas de negociação que falharam.

O observatório, que está praticamente parado e sem observações astronómicas, activou entretanto um plano de contingência para manter as operações básicas. Vários astrónomos que não pertencem ao sindicato abandonaram as instalações.