Médicos Sem Fronteiras anunciam saída da Somália ao fim de 22 anos no terreno

Organização não governamental estava neste país desde 1991, mas considera que não há condições para continuar a trabalhar

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Há 22 anos que a MSF presta cuidados médicos na Somália TOBIN JONES/AFP

O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo presidente internacional dos MSF, Unni Karunakara. “Em alguns casos, os actores com quem a MSF tem de negociar as garantias mínimas para que as suas missões médicas e humanitárias sejam respeitadas, têm tido um papel importante nos abusos contra o pessoal da MSF, seja através do envolvimento directo ou da aprovação tácita dessas acções”, acusou num comunicado divulgado esta terça-feira.

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O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo presidente internacional dos MSF, Unni Karunakara. “Em alguns casos, os actores com quem a MSF tem de negociar as garantias mínimas para que as suas missões médicas e humanitárias sejam respeitadas, têm tido um papel importante nos abusos contra o pessoal da MSF, seja através do envolvimento directo ou da aprovação tácita dessas acções”, acusou num comunicado divulgado esta terça-feira.

Isto tem acontecido no Sul e no Centro da Somália – áreas sob o controlo da milícia islâmica Al-Shabab, com ligações à Al-Qaeda – mas também noutras zonas, diz o presidente internacional dos Médicos Sem Fronteiras, organização que estava a trabalhar na Somália sem interrupções desde 1991, quando se iniciou a guerra civil.

“Os MSF têm mais de 1500 pessoas a trabalhar na Somália, onde grande parte da população sempre viveu numa situação de guerra e fome”, explicou Unni Karunakara. Já morreram 16 trabalhadores dos Médicos Sem Fronteiras na Somália e houve dezenas de ataques contra o seu pessoal, ambulâncias e instalações médicas.

Os mais recentes incidentes foram o homicídio de dois membros dos MSF em Mogadíscio, em Dezembro de 2011, e “a libertação do seu assassino, mais cedo do que a pena a que tinha sido condenado”, sublinha Karunakara. Dois outros elementos desta organização não governamental foram raptados no campo de refugiados somalis em Dadaa, no Quénia e levados para a Somália, num cativeiro de 21 meses, que só terminou no mês passado, conta no comunicado divulgado esta terça-feira.

A saída de campo dos Médicos Sem Fronteiras, analisa a BBC, será um duro golpe para o Governo do Presidente Hassan Sheikh Mohamud, que controla apenas a capital e mesmo assim com esforço. Uma força de 18 mil tropas da União Africana está no país para reforçar a sua administração – que é a primeira a ser reconhecida pelos Estados Unidos e pelo Fundo Monetário Internacional em mais de duas décadas.