Empresa neozelandesa pede desculpa à China por causa de leite contaminado

Primeiro-ministro preocupado com impacto na economia do país. Rússia já proibiu a venda de produtos da Fonterra.

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O gigante agroalimentar da Nova Zelândia revelou no sábado que um produto de soro de leite usado para o fabrico de leite de bebé e bebidas desportivas tinha sido contaminado com uma bactéria que pode causar botulismo, uma forma de intoxicação alimentar rara mas potencialmente fatal, o que gerou reacções imediatas da China, um dos maiores mercados de importação dos seus produtos.

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O gigante agroalimentar da Nova Zelândia revelou no sábado que um produto de soro de leite usado para o fabrico de leite de bebé e bebidas desportivas tinha sido contaminado com uma bactéria que pode causar botulismo, uma forma de intoxicação alimentar rara mas potencialmente fatal, o que gerou reacções imediatas da China, um dos maiores mercados de importação dos seus produtos.

“Apresentamos as nossas mais profundas desculpas às pessoas que foram afectadas”, afirmou o presidente do grupo, Theo Spierings, numa conferência de imprensa em Pequim, acrescentando que a empresa informou os seus clientes e as autoridades no prazo de 24 horas após a confirmação do problema de contaminação.

No mesmo dia, o primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Jey, acusou o maior exportador mundial de produtos lácteos, Fonterra, de ter demorado a soar o alarme sobre os produtos contaminados. O governante, em entrevista à cadeia TVNZ, disse estar preocupado com o impacto da reputação do seu país como fornecedor de produtos lácteos seguros, particularmente na Ásia, onde o seu leite para bebés tinha atingido o ‘padrão de ouro’ em termos de qualidade.

“Uma empresa que é a nossa maior empresa, a nossa maior marca, o principal exportador, uma bandeira da Nova Zelândia, cujo negócio se baseia na segurança e qualidade alimentar, pensamos que deveriam ter tomado todas as precauções”, disse Key numa entrevista citada pela AFP. Por isso, o governante tem dificuldade em perceber a razão por que a Fonterra não agiu imediatamente, quando os testes do ano passado mostraram que havia problemas com três lotes de soro de leite. “Este produto foi produzido em Maio de 2012, parece que mostrou algo nos controles, mas claramente não o suficiente para que a Fonterra advertisse para não se utilizar o produto”, indicou.

Theo Springs disse que a empresa agiu de imediato e acrescentou que não existem relatos de doeças ligadas ao consumo do produto contaminado que contém a bactéria Clostridium bolulinium, que pode causar botulismo, uma infecção que, se não tratada, pode levar à paralisia e à morte.

Os produtos em que foram encontrados vestígios da bactéria foram exportados para a Austrália, China, Malásia, Arábia Saudita, Tailândia e Vietname. De acordo com a agência chinesa Xinhua, a Fonterra está a pedir a devolução de 1000 toneladas desses produtos.

A Fonterra atribuiu a contaminação a um tubo de uma fábrica na Ilha do Norte. Já em Janeiro, foram encontrados em alguns dos seus produtos resíduos de dicianodiamida (DCD), uma substância química utilizada nas pastagens com o objectivo de reduzir os gases de efeito estufa.

Entretanto, as autoridades russas anunciaram a proibição da entrada dos produtos lácteos da empresa neozelandesa no país.

O grupo francês Danone, que também tem como fornecedor a Fonterra, decidiu, entretanto, retirar do mercado em alguns países asiáticos lotes de leite em pó para bebés das marcas Dumex e Karicare. A medida foi tomada "por precaução", sublinha a empresa, e está a ser aplicada na China, Hong Kong, Malásia, Tailândia e Nova Zelândia, onde as duas marcas são comercailizadas.

A Fonterra já foi um dos accionistas da marca chinesa Sanlu, que esteve no centro do escândalo do leite em pó contaminado com melamina, em 2008, o qual resultou na morte de pelo menos seis bebés e afectou mais de 300 mil.

As acções da Fonterra caíram 8,7 % na abertura da bolsa de valores da Nova Zelândia, tendo recuperado ligeiramente para uma queda de 5,9 %, fixando-se em 6,70 dólares da Nova Zelândia (3,92 euros), a meio da sessão.