Treze mortos confirmados na explosão de comboio no Canadá

Autoridades revelam que há 37 pessoas desaparecidas e pediram aos familiares utensílios que possam conter amostras de ADN.

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Os bombeiros continuam a lançar água e materiais retardantes sobre as dezenas de vagões pressurizados Reuters

Bastaram algumas horas para os peritos forenses descobrirem oito cadáveres entre os escombros dos mais de 30 edifícios destruídos por aquele que é já considerado o pior acidente ferroviário dos últimos 50 anos no Canadá. As cinco vítimas encontradas nos dias anteriores foram já levadas para Montreal, mas não foram ainda identificadas.

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Bastaram algumas horas para os peritos forenses descobrirem oito cadáveres entre os escombros dos mais de 30 edifícios destruídos por aquele que é já considerado o pior acidente ferroviário dos últimos 50 anos no Canadá. As cinco vítimas encontradas nos dias anteriores foram já levadas para Montreal, mas não foram ainda identificadas.

Com a cidade em estado de choque, as autoridades são cautelosas na avaliação da situação, mas não escondem que as perspectivas são sombrias. Segunda-feira, o departamento de medicina legal do Quebeque requisitou peritos forenses para ajudarem na identificação dos restos mortos e pediu aos familiares das pessoas dadas como desaparecidas que entreguem escovas de dentes, pentes, lâminas de barbear ou qualquer outro utensílio por elas usado e que possa conter amostras de ADN.

“Esperamos encontrar vítimas em todo o tipo de situação, sejam cadáveres, restos mortos ou apenas fragmentos de osso. Sabemos que é tudo possível”, disse Genevieve Guilbault, porta-voz do departamento de medicina legal, citada pelo jornal Toronto Star, explicando que foi pedida a ajuda de especialistas em diversas áreas forenses. A polícia admite, ainda assim, que os corpos de algumas vítimas nunca venham a ser encontradas, dadas as temperaturas extremas provocadas pelo incêndio que durante quase dois dias consumiu o local.

O fogo foi já dado como extinto, mas os bombeiros continuam a lançar água e materiais retardantes sobre as dezenas de vagões pressurizados que resistiram ao incêndio, para evitar a sua explosão. O trabalho dos peritos está também a ser dificultado pela ameaça de desmoronamento de paredes e por pequenos reacendimentos do fogo. A polícia garante, ainda assim, que conseguiu já percorrer a quase totalidade dos dois quilómetros quadrados devastados.

Um ritmo necessariamente que desespera familiares e amigos das 37 pessoas desaparecidas, muitas da quais poderiam estar no momento da explosão dentro de um bar que, no sábado à noite, estava cheio de clientes. Anne-Julie Huot, de 27 anos, contou que conhece 25 das pessoas desaparecidas e acredita que é ali que muitas delas estarão. “Tenho uma amiga que estava a fumar lá fora quando tudo aconteceu e que escapou por pouco, por isso podemos imaginar o que aconteceu a quem estava lá fora”, disse à agência AP.

À tragédia humana junta-se, entretanto, o receio de um desastre ecológico. Cerca de cem mil litros de petróleo terão sido derramados para o rio Chaudière e os serviços ambientais começaram já a colocar barreiras flutuantes para evitar que a poluição atinja outros rios a jusante.

As autoridades continuam também cautelosas sobre as causas na origem do acidente. Sabe-se que a composição – cinco locomotivas e 73 vagões pressurizados com combustível – estava estacionada junto à aldeia de Nantes, a sete quilómetros de distância. A companhia proprietária do comboio, a Montreal Maine & Atlantic, assegura que o maquinista activou todos os freios de segurança antes de sair da composição, não percebendo como foi possível os vagões terem-se separado e resvalado até à cidade vizinha, ganhando velocidade à medida que desciam a encosta.