Erdogan quer manifestantes fora do parque Gezi

Primeiro-ministro turco defende operação para expulsar manifestantes da praça Taksim e deixa no ar possibilidade de a operação se estender ao acampamento vizinho

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Confrontos esta manhã na praça Taksim Aris Messinis/AFP

“Gezi é um parque, não é uma zona de ocupação. Convido todos os que são sinceros a retirarem-se”, afirmou o chefe de Governo, durante uma reunião do grupo parlamentar do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP). Depois de ter sido criticado pela dureza com que as forças de segurança reprimiram os protestos iniciais, Erdogan considerou plenamente justificada a entrada da polícia na praça Taksim: “O que é que os manifestantes esperavam? Que nos ajoelhássemos à sua frente?”.

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“Gezi é um parque, não é uma zona de ocupação. Convido todos os que são sinceros a retirarem-se”, afirmou o chefe de Governo, durante uma reunião do grupo parlamentar do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP). Depois de ter sido criticado pela dureza com que as forças de segurança reprimiram os protestos iniciais, Erdogan considerou plenamente justificada a entrada da polícia na praça Taksim: “O que é que os manifestantes esperavam? Que nos ajoelhássemos à sua frente?”.

Pela manhã, o governador de Istambul, Huseyin Avni Mutlu, escreveu no Twitter que o objectivo da operação “era remover os sinais e imagens colocadas na estátua de [Kemal] Ataturk” e num centro cultural vizinho, dizendo que o acampamento no parque Gezi “não seria atingido”. A polícia, usando megafones, repetiu a mensagem, pedindo aos manifestantes que não oferecessem resistência, mas muitos jovens dizem não acreditar nas promessas e prometem manter o braço de ferro.  

Na sua intervenção desta manhã, Erdogan admitiu que a economia do país “está a ser atingida por estes acontecimentos”, dizendo acreditar que as manifestantes fazem parte “de um plano sistemático para distorcer a imagem da Turquia” no mundo.

O primeiro-ministro disse ainda que um polícia morreu em consequência dos protestos, o que eleva para quatro o número de mortos desde o início da contestação. A Associação Turca de Médicos confirmou o balanço, mas adianta que a quarta vítima mortal terá sido um operário de 26 anos ferido na cabeça durante protestos em Ancara, onde se registaram também protestos contra o Governo, embora em menor escala.

O motivo inicial da ocupação da Praça Taksim, em Istambul, foi o anúncio de um projecto para construir no Parque Gezi uma réplica de um quartel otomano, transformada em centro comercial. A manifestação foi duramente reprimida pela polícia, o que atraiu muito mais pessoas à praça, e transformou o protesto num movimento mais abrangente de contestação ao Governo, a quem os manifestantes acusam de pôr em causa os valores seculares na origem da moderna Turquia.