O genoma da árvore de Natal foi descodificado e é gordo

Resultados mostram que as coníferas foram acumulando ADN, ao longo de milhões de anos, que não parece ter uma função.

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Há milhões de anos que a árvore de Natal acumula “lixo” genético, mas está bem adaptada ao clima nórdico Patrick Pleul/AFP (arquivo)

Vamos por partes, a árvore de Natal de que aqui se fala é o abeto-falso ou Picea abies, comum em países como a Suécia. É uma das espécies que compõem as grandes florestas de coníferas que dominam as latitudes altas do hemisfério norte. Várias plantas já tiveram o seu genoma sequenciado, mas nenhuma era uma conífera – o grupo de árvores em que se incluem os pinheiros, os abetos ou os zimbros e que fazem parte das gimnospérmicas, plantas que produzem sementes. A maioria dos vegetais com genoma sequenciado são plantas com flores, as angiospérmicas.

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Vamos por partes, a árvore de Natal de que aqui se fala é o abeto-falso ou Picea abies, comum em países como a Suécia. É uma das espécies que compõem as grandes florestas de coníferas que dominam as latitudes altas do hemisfério norte. Várias plantas já tiveram o seu genoma sequenciado, mas nenhuma era uma conífera – o grupo de árvores em que se incluem os pinheiros, os abetos ou os zimbros e que fazem parte das gimnospérmicas, plantas que produzem sementes. A maioria dos vegetais com genoma sequenciado são plantas com flores, as angiospérmicas.

Uma das razões para nunca se ter sequenciado o ADN de uma conífera é o tamanho do seu genoma. No caso do abeto-falso, o número de pares de “letras”, ou pequenas moléculas, que compõem o seu ADN é de 20.000 milhões, enquanto o genoma humano tem 3000 milhões de pares de letras. Mas o que a equipa composta por dezenas de cientistas descobriu é que esta conífera só tem 28.354 genes funcionais, o que é quase o mesmo número de genes da Arabidopsis thaliana, presente na maioria dos laboratórios onde se estudam plantas, e que tem um genoma cem vezes menor do que o abeto-falso.

Segundo o estudo, o resto do genoma da árvore de Natal é composto por sequências repetidas de ADN que se acumularam ao longo de centenas de milhões de anos de evolução.

“A acumulação de ‘ADN-lixo’ – que pode não ser lixo, nós é que não compreendemos a sua função – ocorreu há muito tempo”, explica ao PÚBLICO Ove Nilsson, do Centro de Ciências Vegetal de Umeå da Universidade Sueca das Ciências Agrícolas, que participou no estudo. “Há 200 milhões de anos, as coníferas dominavam o mundo. Depois apareceram as plantas com flor, hoje com mais de 300 mil espécies, enquanto as coníferas só têm algumas centenas. Mas as coníferas dominam os ecossistemas mais a norte. Para isso, mantiveram-se competitivas, apesar de terem o genoma cheio de ADN repetido. Como é isso possível? Não sabemos.”

A maquinaria celular nas plantas com flor tem mecanismos que controlam a multiplicação de “lixo” genómico, o que não ocorre nas coníferas, explica o artigo. Mas com o genoma sequenciado, os cientistas podem agora melhorar as variedades destas árvores para fins comerciais. “Podemos começar a associar diferentes características [das árvores] a diferentes genes e usar essa informação para prever se elas serão ‘boas’ ou ‘más’ dependendo do seu uso futuro”, diz Ove Nilsson.