Sismo na China: "Já ninguém vai querer viver aqui"

Último balanço do abalo sísmico de sábado em Sichuan aponta para 200 mortos e desaparecidos.

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Mais de 24 horas depois do abalo com uma magnitude de 6,6 que destruiu mais de 10 mil habitações naquela região montanhosa e densamente povoada da China, os feridos continuam a chegar aos hospitais superlotados que estão já a tratar as pessoas em tendas montadas para a ocasião.

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Mais de 24 horas depois do abalo com uma magnitude de 6,6 que destruiu mais de 10 mil habitações naquela região montanhosa e densamente povoada da China, os feridos continuam a chegar aos hospitais superlotados que estão já a tratar as pessoas em tendas montadas para a ocasião.

Quarta província mais povoada da China, com 80 milhões de habitantes, Sichuan vive de novo uma tragédia, ainda que de proporções bem mais pequenas do que a que viveu em Maio de 2008,  quando um sismo de magnitude 7,9 provocou a morte de 87 mil pessoas.

Segundo o balanço oficial mais recente, o sismo fez 186 mortos, 21 desparecidos e 11.300 feridos. As autoridades já feizeram saber que o número de vítimas não deverá aumentar significativamente.

Bombeiros e outros socorristas, que trabalharam ao longo de toda a noite, utilizando radares e cães pisteiros, conseguiram retirar 91 pessoas com vida dos escombros, segundo o ministério de Segurança Pública.

Um número que em nada ajuda a apaziguar a dor de Wu Yong, que se preparava este domingo para enterrar o seu único filho.

“Eu vi o meu rapaz mas não consegui estender-lhe a mão para o salvar”, lamentou este aldeão de 42 anos, recordando ao jornalista da AFP os piores segundos da sua vida, quando a sua casa ruiu pela violência do sismo. O quarto do filho, de 15 anos, desapareceu por baixo dos escombros.

“Chamei por ele e ele ainda me respondeu duas vezes. Mas não o consegui salvar”, disse Wu Yong, desesperado.

“Já ninguém vai querer viver aqui” resume outro homem, Yang, de 45 anos, em Lushan, uma das aldeias que está agora em ruínas. “É demasiado perigoso”.