Polícias que agrediram estudante alemão começaram a cumprir pena de quatro anos

Agentes de esquadra no Bairro Alto deram entrada na prisão esta sexta-feira, para cumprir a pena mais alta alguma vez aplicada em casos de violência policial.

Foto
Os factos que levaram à condenação dos agentes remontam a Julho de 2008 Daniel Rocha

“Como não se apresentaram no estabelecimento prisional, a polícia foi buscá-los a casa, onde se encontravam de baixa psicológica”, confirmou o dirigente sindical Paulo Rodrigues, da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Como não se apresentaram no estabelecimento prisional, a polícia foi buscá-los a casa, onde se encontravam de baixa psicológica”, confirmou o dirigente sindical Paulo Rodrigues, da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia.

Tudo sucedeu em Julho de 2008. Adrian Grunert, de 23 anos, estudante de Linguística em Portugal, ao abrigo do programa Erasmus, apanhou um eléctrico em Lisboa com a namorada. Pendurou-se na traseira do veículo e seguiu viagem sem pagar. No Largo do Conde Barão foi agarrado pelos dois agentes e depois levado para a esquadra das Mercês. E foi aqui, segundo o tribunal, que os agentes, usando luvas de couro, lhe desferiram vários murros na cara, têmporas e orelhas.

Quando tentou fugir, outros dois agentes colocaram-se à frente da porta da sala. Depois de empurrado, caiu no chão, foi pisado, recebeu pontapés nas costas e no peito. Quando pediu ajuda, riram-se, diz o acórdão. Foi obrigado a despir-se totalmente e a colocar-se de cócoras. Tinha consigo 0,2 gramas de haxixe. Mal saiu das Mercês, foi à esquadra da Lapa apresentar queixa e depois ao hospital, onde recebeu tratamento a traumatismos no corpo, um hematoma retroauricular, escoriações no cotovelo, no abdómen e nas costas.

Os dirigentes sindicais sublinham o facto inédito de uma condenação de agentes por violência policial resultar em prisão efectiva em vez de pena suspensa, como tem sido habitual até aqui. E consideram que os juízes foram excessivamente rigorosos neste caso.

“Esta decisão é grave para a comunidade policial e pode pôr em causa a actuação de toda a PSP”, diz Peixoto Rodrigues, do Sindicato Unificado da Polícia de Segurança Pública. E deixa uma questão no ar: “Será que isto é para agradar à Alemanha?”.

Já o advogado dos dois polícias, Santos de Oliveira, prefere não confirmar a prisão dos seus clientes: “Não sei de detenção nenhuma”.