Juiz suspende audição em tribunal da infanta Cristina

A filha do rei de Espanha deveria prestar declarações em tribunal no dia 27 de Abril, mas um procurador apresentou um recurso por considerar a acusação da infanta "discriminatória"

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A infanta Cristina pertencia à direcção do Instituto Nóos JOSEP LAGO/AFP

A decisão foi tomada depois do procurador anticorrupção das Baleares ter considerado que não existem indícios para acusar a infanta. Um recurso foi apresentado na Audiência Provincial, o que levou o juiz a adiar a audição em tribunal da filha do rei, que estava marcada para dia 27 de Abril.

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A decisão foi tomada depois do procurador anticorrupção das Baleares ter considerado que não existem indícios para acusar a infanta. Um recurso foi apresentado na Audiência Provincial, o que levou o juiz a adiar a audição em tribunal da filha do rei, que estava marcada para dia 27 de Abril.

O procurador Pedro Horrach considera “discriminatório” acusar a infanta Cristina com as provas que existem actualmente – uma nova série de mensagens electrónicas entregues à justiça por Diego Torres – já que estas não acrescentam indícios incriminatórios que justifiquem incriminar a infanta.

Horrach recorda que “o auto que se está a impugnar se baseia essencialmente nos mesmos factos que a acusação para solicitar a imputação e que foram considerados inconsistentes e débeis tanto pelo juiz instrutor – Março de 2012 – como pelo Audiência Provincial – Julho de 2012”. O procurado conclui que “não consegue perceber por que é que só uns meses mais tarde” se recorre aos mesmos factos e dados paras sustentar uma conclusão contrária.

Em causa está o estabelecimento do nível de envolvimento da Infanta Cristina nas actividades do Instituto Nóos, de cujos órgãos dirigentes fazia parte. A decisão do juiz José Castro de chamar a infanta Cristina a depor na qualidade de arguida foi, nas suas palavras, para dissipar “qualquer sombra de suspeita” que possa pairar sobre a filha do rei num momento crucial em que o processo de instrução do "caso Nóos" entra na recta final.

O Instituto Nóos era uma instituição sem fins lucrativos que iniciou a sua actividade em 2003, quando Urdangarin foi nomeado seu presidente. Por detrás de uma fachada de promoção do turismo, cultura e desporto, o instituto beneficiou de contratos milionários com os governos das ilhas Baleares e a Comunidade Valenciana, ambos nas mãos do Partido Popular.

Grande parte dos quase seis milhões de euros que o Nóos conseguiu dos cofres públicos entre 2004 e 2006 acabou nas contas bancárias de empresas privadas que eram propriedade de Urdangarin e Diego Torres.