Terapia genética fez doentes com leucemia aguda entrar em remissão

Um pequeno ensaio clínico acaba de mostrar que é possível, graças a células imunitárias manipuladas, destruir as células cancerosas e permitir assim que o doente receba um transplante de medula óssea.

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Células do sangue vistas ao microscópio electrónico Instituto Nacional do Cancro dos EUA

O ensaio envolveu cinco doentes que sofriam de leucemia linfoblástica aguda das células B – e que já não respondiam aos tratamentos convencionais. As células ou linfócitos B são as células do sistema imunitário que fabricam anticorpos. Existem outras células imunitárias, os linfócitos T, que são capazes de identificar e neutralizar as células “inimigas” do organismo, como por exemplo as células infectadas por vírus. Mas, muitas vezes, revelam-se incapazes de reconhecer como agressoras as células cancerosas.

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O ensaio envolveu cinco doentes que sofriam de leucemia linfoblástica aguda das células B – e que já não respondiam aos tratamentos convencionais. As células ou linfócitos B são as células do sistema imunitário que fabricam anticorpos. Existem outras células imunitárias, os linfócitos T, que são capazes de identificar e neutralizar as células “inimigas” do organismo, como por exemplo as células infectadas por vírus. Mas, muitas vezes, revelam-se incapazes de reconhecer como agressoras as células cancerosas.

Michel Sadelain e colegas tornaram justamente os linfócitos T extraídos dos próprios doentes capazes de detectar e de destruir os seus linfócitos B. Mais precisamente, os linfócitos T foram geneticamente modificados, antes de serem reinjectados, de forma a conseguirem reconhecer uma determinada proteína presente à superfície de todos os linfócitos B – os saudáveis e os cancerosos. E a terapia resultou, de facto, na destruição da esmagadora maioria dos linfócitos B.

Cinco doentes com este cancro foram assim tratados – e melhoraram rapidamente, explica um comunicado da Science Translational Medicine. Num dos doentes, a doença tornou-se indetectável uma semana apenas a seguir à aplicação do tratamento experimental. Outros três doentes também atingiram um estado de “remissão molecular” em 18 a 59 dias. O quinto doente teve uma recaída. Foi o facto de esses quatro doentes entrarem em remissão que lhes permitiu beneficiar de transplantes de medula óssea – algo  que, antes de iniciar o tratamento, teria sido impossível, dado o estádio avançado do seu cancro.

Este tipo de terapia não está isenta de efeitos secundários indesejáveis e precisa de ser adaptada a cada doente para produzir uma resposta imunitária suficientemente poderosa. Mas os autores acreditam que esta é uma via prometedora para o desenvolvimento de uma nova classe de medicamentos contra o cancro.