Passos Coelho defende necessidade de “políticas recessivas” no curto prazo

Primeiro-ministro diz que a meta para as rescisões amigáveis na função pública ainda não está definida. Oposição acusa o Governo de querer despedir.

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Passos Coelho diz que não há nenhum problema com o desenho do programa de ajustamento financeiro. Daniel Rocha

O primeiro-ministro assumiu que a estratégia do Governo "tem consequências penosas no curto prazo", mas sublinhou ser essa “a única via séria" para que o país possa abandonar a situação em que se encontra.

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O primeiro-ministro assumiu que a estratégia do Governo "tem consequências penosas no curto prazo", mas sublinhou ser essa “a única via séria" para que o país possa abandonar a situação em que se encontra.

Interpelado pelo secretário-geral do PCP, que acusou o primeiro-ministro de falar em aprender com os erros do passado, mas persistir em não reconhecer os erros do presente, Passos disse acreditar que não há nenhum problema no desenho do programa de assistência económica e financeira acordado entre Portugal e as instâncias internacionais.

“O programa de assistência económica e financeira tem no seu desenho três pilares, que são essenciais num programa adaptado a países como Portugal: um pilar voltado para uma reforma estrutural, um pilar destinado a estabilizar o sistema financeiro, sem o qual muito mais famílias portuguesas entrariam em bancarrota, e em terceiro, um pilar destinado a controlar as contas públicas. Este é o desenho”, explicou o primeiro-ministro.

Contudo, Passos Coelho deixou a porta aberta ao problema das metas fixadas no programa, ao afirmar que “é evidente e não é de agora” que nas metas fixadas “havia uma base de partida que não estava ajustada”.

"Sabemos hoje que há uma divergência entre ambas as expectativas, os investidores que conhecem este espaço estão mais confiantes no caminho que estamos a traçar e na retoma. Os portugueses ainda sentem o caminho longe", disse.

Questionado quer pelo PCP, quer pelo BE sobre o programa de rescisões amigáveis na função pública, o primiero-ministro insistiu que é preciso distinguir rescisões de despedimentos. Mas também nesta questão, o primeiro-ministro recorreu ao argumento das metas, ao responder à deputada d’Os Verdes, Heloísa Apolónia, que “a meta para as rescisões amigáveis na administração pública ainda não está definida".

Já antes, a coordenadora do BE, Catarina Martins, insistira no tema, perguntando directamente ao chefe do Executivo quanto é que pretender cortar na função pública. Na resposta, passos disse não ter “mais nada a acrescentar”.