Oposição armada e regime sírio trocam acusações sobre quem terá usado armas químicas

Ministro da Informação de Assad acusa rebeldes de uso de armas proibidas em Khan al-Assal. Exército Livre da Síria diz que foram as forças leais ao Presidente. Reino Unido afirma que pode ser necessária "uma resposta séria da comunidade internacional".

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Feridos do ataque foram tratados no Hospital Universitário de Alepo George Ourfalian/REUTERS

“Estamos a ouvir relatos desde o princípio da manhã de um ataque com agentes químicos na cidade de Khan al-Assal. Acreditamos que dispararam [um míssil] Scud com agentes químicos. E de repente percebemos que o regime nos estava a acusar a nós”, disse Qassim Saadeddine, um comandante do Conselho Militar Superior em Alepo, citado pela Reuters.

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“Estamos a ouvir relatos desde o princípio da manhã de um ataque com agentes químicos na cidade de Khan al-Assal. Acreditamos que dispararam [um míssil] Scud com agentes químicos. E de repente percebemos que o regime nos estava a acusar a nós”, disse Qassim Saadeddine, um comandante do Conselho Militar Superior em Alepo, citado pela Reuters.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização com sede em Londres e observadores no terreno, diz que o número de vítimas mortais é de 26 pessoas, entre as quais 16 soldados. Um fotógrafo da Reuters que visitou o Hospital Universitário de Alepo, onde estavam alguns dos feridos, contou ter visto sobretudo mulheres e crianças, que tinham problemas respiratórios. Nos seus relatos diziam ter sentido um intenso cheiro a cloro depois do ataque.

O ministro da Informação, Omran al-Zoabi, afirmou que a Turquia e o Qatar, que têm apoiado o levantamento armado contra o regime de Assad, “têm responsabilidades morais e políticas” pelo ataque, noticiou a televisão síria, que inicialmente tinha dito haver 15 mortos e depois corrigiu o número para 25.

"Esta é uma acusação sem fundamento. Já antes o Governo sírio acusou a Turquia", respondeu um porta-voz do Executivo de Ancara, citado pela Reuters. O Reino Unido, por seu lado, afirmou que se foram usadas armas químicas na Síria será necessária "uma resposta séria da comunidade internacional", que poderá forçar Londres a alterar a sua posição, disse um porta-voz do Foreign Office.

Ainda segundo a emissora síria, Zoabi precisou que as forças da oposição dispararam um rocket com armas químicas a partir da zona de Nairab, no sudeste de Alepo, para a cidade de Khan al-Assal. Esta fica a cerca de 7,5 quilómetros a sudoeste de Alepo e ali existe uma academia de polícia que no início do mês tinha sido "quase toda" tomada pelas forças da oposição.

Outro porta-voz do Exército Livre da Síria, Louay Muqdad, que participa na reunião da oposição em Istambul, na Turquia, disse à AFP que há um grande número de feridos com problemas respiratórios em Khan al-Assal, pelo que não seria de estranhar que tivesse sido usada uma arma química – o regime de Assad tem um enorme arsenal.
Quanto à oposição armada, não tem nada disso, garante. “Não temos nem mísseis de longo alcance, nem armas químicas. E se tivéssemos, não os utilizaríamos contra os rebeldes”, acrescentou Muqdad.

Notícia actualizada às 13h25