Ameaças e grandes manobras são esperadas na Península Coreana esta semana

Especialistas consideram que o clima está de tal forma tenso que o mínimo incidente poderá ter consequências graves. Esta segunda-feira, a Coreia do Sul e os Estados Unidos vão lançar as suas manobras anuais, virtuais, mas que mobilizam milhares de soldados.

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Esta semana, a Coreia do Sul vai efectuar exercícios militares virtuais REUTERS

Ameaças e demonstrações de força são habituais de um e de outro lado da linha de demarcação coreana desde o fim da guerra entre as duas Coreias em 1953, mas alguns observadores consideram a situação de tal modo tensa que o mínimo incidente poderia ter consequências graves. Na origem deste contexto explosivo, o lançamento de um foguetão visto por Seul e os seus aliados como um míssil balístico, seguido de um terceiro teste nuclear em Fevereiro e depois de novas sanções aprovadas esta semana pelo Conselho de Segurança da ONU.

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Ameaças e demonstrações de força são habituais de um e de outro lado da linha de demarcação coreana desde o fim da guerra entre as duas Coreias em 1953, mas alguns observadores consideram a situação de tal modo tensa que o mínimo incidente poderia ter consequências graves. Na origem deste contexto explosivo, o lançamento de um foguetão visto por Seul e os seus aliados como um míssil balístico, seguido de um terceiro teste nuclear em Fevereiro e depois de novas sanções aprovadas esta semana pelo Conselho de Segurança da ONU.

Pyongyang ameaçou denunciar o acordo de armistício pondo fim à guerra da Coreia em 1953, disse estar pronta para uma guerra nuclear e avisou os Estados Unidos de que se expunham a um “ataque nuclear preventivo”. Sexta-feira, o regime fez saber poucas horas depois do voto no Conselho de Segurança que considerava, a partir desse momento, nulos “todos os acordos de não agressão entre o Norte e o Sul”.

A Coreia do Sul prometeu responder à primeira ocasião. Esta segunda-feira, a Coreia do Sul e os Estados Unidos – que têm 28.500 soldados em território sul-coreano – vão lançar as suas manobras anuais, denominadas “Key Resolve”. São maioritamente virtuais embora mobilizem milhares de soldados. A Coreia do Norte pode ser particularmente sensível uma vez que o exercício simula o desembarque de importantes forças americanas na Península Coreana em caso de conflito.

Do outro lado, o regime norte-coreano parece estar a preparar-se para importantes manobras com armas para os próximos dias.

Risco "significativo" de confrontação
“Depois do lançamento bem sucedido do foguetão em Setembro e do seu terceiro teste nuclear, a Coreia do Norte faz subir a pressão”, afirma Yoo Ho-Yeol, politólogo na Korea University de Seul. O investigador considera que existe um risco “significativo” de confrontação, em especial junto à linha de delimitação marítima no Mar Amarelo, contestada por Pyongyang e que deu origem a dois incidentes mortíferos em 2010.  

Para Bruce Klingner, especialista da Coreia no centro de estudos conservador Heritage Foundation, em Washington, “o risco de um mal entendido e de uma escalada” é maior também porque os dirigentes dos dois Estados rivais estão no Governo há pouco tempo.

O norte-coreano Kim Jong-Un, que terá menos de 30 anos, sucedeu ao seu pai Kim Jong-Il quando este morreu há pouco mais de um ano. “Kim Jong-Un não tem experiência e poderá ultrapassar os limites que os seus antecessores sabiam ter de respeitar”, considera Klingner.

A Presidente sul-coreana Park Geun-Hye só entrou em funções há duas semanas. E as investigações “mostram que, desde 1992, o Norte lança uma provocação militar nas semanas que se seguem à tomada de posse de um presidente sul-coreano”, observa Victor Cha.