Países africanos querem eleições na Guiné-Bissau até ao fim do ano

Governantes da África Ocidental apelam aos parceiros internacionais para que retomem "cooperação bilateral e multilateral" interrompida após o golpe de Abril de 2012.

Foto
Nhamadjo na conferência de Yamoussoukro. Ao chegar a Bissau disse que data é "indicativa" Thierry Gouegnon/Reuters

A decisão saiu de uma conferência de chefes de Estado e de Governo em Yamoussoukro, na Costa do Marfim, na quarta e quinta-feira.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A decisão saiu de uma conferência de chefes de Estado e de Governo em Yamoussoukro, na Costa do Marfim, na quarta e quinta-feira.

“É uma data indicativa”, disse à RDP África, à chegada a Bissau, Serifo Nhamadjo, empossado como Presidente interino após o golpe de Estado de 2012. O prazo para eleições não deverá ser “nem muito asfixiante” , “nem muito dilatado”, acrescentou.

As eleições chegaram a estar previstas para Abril – quando passa um ano sobre o golpe militar que derrubou o Governo eleito de Carlos Gomes Júnior, entre as duas voltas das eleições presidenciais. Gomes Júnior era o favorito à eleição.

No comunicado final da conferência da Costa do Marfim, a CEDEAO, única organização internacional que reconhece o poder instaurado pelos militares, apela aos “parceiros internacionais” para que retomem a “cooperação bilateral e multilateral”  interrompida após o golpe, como forma de “encorajar as reformas no país”. 

Os dirigentes dos 15 países africanos que integram a organização aprovaram também o prolongamento do “período de transição” até ao fim de 2013. A CEDEAO tem uma força de mais de 600 soldados na Guiné.

Em Maio do ano passado, os militares anunciaram o início de uma fase de transição, com a assinatura de um pacto subscrito por partidos guineenses e com a entrada em funções Nhamadjo e de um executivo liderado por Rui Duarte de Barros. Já este ano, o principal partido guineense, o PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), de Gomes Júnior, assinou o pacto.

Apesar de formalmente ter sido transferido o poder para os civis, a hierarquia militar continua a ditar as regras no país. Ainda na segunda-feira, chefias do Exército, que se consideram “actores da transição”, se reuniram na Assembleia Nacional Popular com os deputados , num encontro que classificaram de rotina.

A reunião ocorreu depois de o presidente do Parlamento, Ibraima Sory Djaló, ter afirmado que se governa sem programa nem orçamento. Djaló tem acusado o executivo pós-golpe de inoperância.

Com um longo historial de golpes e violência político-militar, a Guiné-Bissau, antiga colónia portuguesa, tornou-se nos últimos anos plataforma de circulação de droga entre a América Latina e a Europa.