Bispo de Leiria-Fátima elogia coragem de Bento XVI nos casos de pedofilia

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D. António Marto Miguel Manso

“Foi um homem que enfrentou os casos dos abusos de menores por parte do clero, que era uma coisa inadmissível”, sublinhou, definindo essa iniciativa do Papa como uma “reforma espiritual da Igreja” que Joseph Ratzinger “tomou a peito”.

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“Foi um homem que enfrentou os casos dos abusos de menores por parte do clero, que era uma coisa inadmissível”, sublinhou, definindo essa iniciativa do Papa como uma “reforma espiritual da Igreja” que Joseph Ratzinger “tomou a peito”.

O bispo que tutela Fátima, um dos maiores santuários marianos do mundo, sustentou que Bento XVI, seu antigo professor em Teologia da Eucaristia, foi “muito decidido na transparência e purificação que em tantos aspectos deturpavam o rosto da Igreja”.

Uma tarefa perante a qual, salientou, “mesmo tendo oposição", conseguiu ter "coragem e obrigou toda a Igreja a ter regras para fazer frente a esta chaga”.

Na opinião de António Marto, o Papa Bento XVI deixou pelo menos duas outras marcas importantes durante o seu pontificado, que teve início em Abril de 2005.

Por um lado, “procurou chamar a Igreja à centralidade de Deus e da fé”, e, por outro, veio “reforçar o diálogo inter-religioso com o mundo islâmico e hebraico”, destacou o prelado.

O papa Bento XVI, de 85 anos, anunciou no dia 11, durante um consistório no Vaticano, a sua resignação a partir de 28 de Fevereiro devido “à idade avançada”.

A notícia foi recebida com críticas pelo porta-voz de uma associação de vítimas de abusos cometidos por membros da Igreja Católica contra crianças na Irlanda.

"Este Papa teve uma grande oportunidade para enfrentar décadas de abusos na Igreja Católica. Prometeu muitas coisas, mas acabou por não fazer nada", disse à AFP John Kelly, do grupo Survivors of Child Abuse (Sobreviventes de Abuso Infantil).

Um novo Papa será escolhido até à Páscoa, a 31 de Março, disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, anunciando que um conclave deve ser organizado entre 15 e 20 dias após a resignação do pontífice. O conclave poderá até ser antecipado.