Presidente da Lusa admite precarização da rede de correspondentes

Afonso Camões foi ao Parlamento dizer que a agência cumpre serviço acordado com o Estado e que tem produtividade “muito acima” do que é contratado.

Foto
Cobertura nacional e internacional não foi sacrificada com a reestruturação, garante Afonso Camões Filipe Arruda/arquivo

 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

 

Na Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, na sequência do requerimento do PS, Afonso Camões defendeu que “os recursos disponíveis não permitem ter um jornalista a tempo inteiro em alguns sítios”, o que obrigou a administração da Lusa a alterar o vínculo contratual de alguns correspondentes.

“Precarizámos a rede em alguns sítios, mas não precarizámos na geografia da língua”, declarou, apontando Moscovo, Berlim e Caracas como locais onde a Lusa não pode pagar “um jornalista a tempo inteiro”.

O presidente da Lusa considerou que os ajustamentos nos vínculos contratuais da rede de correspondentes foram uma das opções para conseguir reduzir os custos da empresa, face ao corte de 31% no contrato de prestação de serviço noticioso e informativo entre a Lusa e o Estado, apontando-os como uma alternativa aos despedimentos.

“Para não irmos aí, teríamos que ter despedido e preferimos não despedir”, declarou, realçando que esta precarização “das antenas” da Lusa não significa a perda da qualidade do noticiário, porque “independentemente do vínculo que as pessoas têm, reportam à agência, que responde pela qualidade do serviço”.

Afonso Camões realçou que, no contrato com a Lusa, “o Estado não compra correspondentes, compra serviços, notícias”, e a Lusa “assegura cobertura do território nacional e internacional”, sublinhando que a agência tem uma produtividade “muito acima” do que é contratado.

Aos deputados, o presidente da Lusa destacou ainda que a cobertura nacional e internacional não foi sacrificada com a reestruturação: “A Lusa tem 52 antenas em Portugal – não há nenhum distrito que não tenha um correspondente – e está em 25 países e muito em breve 27 países”.

Afonso Camões disse aos deputados que a Lusa e a congénere espanhola (EFE) estão a preparar “um plano global” para intensificar a colaboração entre as duas agências.

O anterior contrato de prestação de serviço noticioso e informativo entre a Lusa e o Estado era de 15 milhões de euros por ano, acrescidos de IVA. O montante do contrato para o triénio 2013-15, no valor de 32,1 milhões de euros, corresponde a um corte de 30,9% das verbas destinadas à agência Lusa no Orçamento do Estado para 2013. Os actuais 32,1 milhões de euros representam uma dotação anual na ordem dos 10,7 milhões de euros.