Líder dos Jovens Socialistas critica o socialismo do "luxo" e dos "cinco estrelas"

Beatriz Talegón critica que os dirigentes do socialismo internacional se reúnam em hotéis de cinco estrelas, ou o uso dos carros de luxo que classificou como “uma falta de coerência”

Um vídeo com a intervenção da secretária-geral da União Internacional de Jovens Socialistas durante a reunião da Internacional Socialista em Cascais, na semana passada — onde tece duras críticas aos líderes socialistas — tornou-se viral nas últimas horas em Espanha.

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Um vídeo com a intervenção da secretária-geral da União Internacional de Jovens Socialistas durante a reunião da Internacional Socialista em Cascais, na semana passada — onde tece duras críticas aos líderes socialistas — tornou-se viral nas últimas horas em Espanha.

Desde segunda-feira, registaram-se já várias cópias do vídeo — em que Beatriz Talegón critica que os dirigentes do socialismo internacional se reúnam em hotéis de cinco estrelas, ou o uso dos carros de luxo que classificou como “uma falta de coerência”.

Um discurso durante a própria reunião da Internacional Socialista que tornou Talegón um dos ‘trending topics’ na rede twitter e mereceu destaque na imprensa espanhola, com artigos — incluindo cópias dos vídeos — em páginas de publicações como o "El Pais" ou o "Huffington Post".

“É o que dizem os jovens nos bares, nas praças, em qualquer reunião de amigos”, disse Talegón, em declarações ao "Huffington Post", mostrando surpresa pela reação que as suas declarações estão a causar. Na intervenção em Cascais, Talegón referiu-se ao que considera ser a crescente distância entre os dirigentes e as forças socialistas e a geração mais jovem, criticando a contradição entre o luxo da própria reunião da Internacional Socialista e o elevado desemprego ou a contestação nas ruas de Espanha.

"Não nos querem escutar"

Talegón exigiu que as contas da IS não sejam um “mistério”, recusou que os militantes jovens só sirvam para “aplaudir” e acusou os dirigentes de serem em parte “os responsáveis pelo que está a acontecer” e de não lhes preocupar “em absoluto” a situação.

“O que nos deveria doer é que eles estão a pedir democracia... e nós não estamos aí”, disse Talegón, referindo-se à falta de apoio das lideranças para os jovens que protestam nas ruas. “ Não nos querem escutar”, disse, considerando que “a esquerda está agora ao serviço das elites, dança com o capitalismo, é burocrática”. “Tem perdido completamente o norte, a ideologia, a conexão com as bases. E isso é algo que a esquerda não se pode permitir”, diz a jovem de 29 anos.

Para o ex-presidente da União Internacional de Juventudes Socialistas (IUSY) Joan Calabuig as críticas e reivindicações dos jovens socialistas veiculadas por Talegón cumprem a “normalidade democrática”.

Em declarações esta terça-feira à "Efe", Calabuig admitiu, “com pena”, que a IS “merece” as críticas que lhe têm sido dirigidas por ser uma “organização antiga” que deve fazer “mais esforço por adaptar-se à realidade do mundo actual”, procurando “modernizar-se, renovar-se e actualizar-se”. Segundo Calabuig, e pela sua própria experiência, as relações entre as organizações juvenis e a direcção dos próprios partidos “nunca são fáceis”.