Unidades de I&D de excelência unem-se para ter "voz activa"

Coordenadores de 53 unidades de investigação nacionais reúnem-se esta sexta-feira em Coimbra para delinear criação de órgão representativo para poderem ter "voz activa" junto dos decisores políticos.

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Há 300 unidades de investigação no país que trabalham nas mais variadas áreas dos saber, desde a medicina até à filosofia Daniel Rocha (arquivo)

O repto foi lançado por responsáveis de duas unidades do Porto. “Julgamos ser a altura de os centros de excelência criarem uma estrutura própria de representação que lhes permita serem ouvidos sobre a política de ciência e tecnologia, ao mesmo nível de outros intervenientes”, diz o comunicado escrito por António Fernando Silva, coordenador do Centro de Investigação Química da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, e Luís Melo, coordenador do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente e Energia, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

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O repto foi lançado por responsáveis de duas unidades do Porto. “Julgamos ser a altura de os centros de excelência criarem uma estrutura própria de representação que lhes permita serem ouvidos sobre a política de ciência e tecnologia, ao mesmo nível de outros intervenientes”, diz o comunicado escrito por António Fernando Silva, coordenador do Centro de Investigação Química da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, e Luís Melo, coordenador do Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente e Energia, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

As 53 unidades de I&D fazem parte de um conjunto de 300 unidades dispersas por todo o país que investigam nas mais variadas áreas do saber: ciências naturais, engenharias, ciências humanas, sociais, biomédicas, ciências artísticas, ciências exactas, etc. Ao contrário dos 26 Laboratórios Associados, estas unidades não têm nenhum representante.

Os Laboratórios Associados são estruturas maiores de investigação criados a partir do ano de 2000, com uma orgânica própria e com objectivos de política científica e tecnológica nacional, que incluem 55 unidades de I&D, e que recebem financiamento directamente da FCT. Na década passada criou-se um órgão representativo, que emergiu desta rede de laboratórios e é ouvido pelo Ministério da Educação e Ciência e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

“O futuro operacional dos laboratórios associados é, de certo modo, uma incógnita, nomeadamente no que diz respeito ao seu financiamento, que representa um peso excessivo nas dotações globais atribuídas às unidades de I&D. A razão custo/benefício tem-se revelado demasiado elevada para o Estado, sabendo-se que esse conjunto representa menos de 20% de todos os centros existentes. No entanto, os riscos de serem tomadas decisões de financiamento que suportem esses laboratórios associados à custa dos restantes actores do sistema de Ciência e Tecnologia nacional não são despiciendos”, diz o documento.

O financiamento do resto das unidades de investigação é feita maioritariamente a partir dos projectos de investigação ganhos por estes centros de investigação, provenientes da FCT, a grande instituição financiadora da ciência portuguesa, quer venham de outras fontes nacionais ou estrangeiras.

“Achamos que é o momento [para a criação de uma estrutura própria de representação]”, disse ao PÚBLICO António Fernando Silva, revelando que o repto foi bem aceite pelos  pares – os coordenadores das outras unidades de I&D avaliadas com a nota máxima. “Neste momento não temos praticamente voz activa em nenhum tipo de política de ciência. Temos experiência suficiente para podermos dar uma opinião.”