Ulrich recusa pedir desculpas sobre sem-abrigo: "Não recebo lições de sensibilidade social"

Fernando Ulrich insiste nas declarações dos sem-abrigo e diz que família, escola e igreja já o formaram em sensibilidade social o suficiente para receber críticas.

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Presidente executivo do BPI questionou na semana passada: "Se os sem-abrigo aguentam, por que é que nós não aguentamos?" Ricardo Brito

Pressionado pelo deputado socialista João Galamba para que apresentasse um pedido de desculpas público por ter relativizado o esforço do país face à austeridade e usado como exemplo a condição dos sem-abrigo, Fernando Ulrich recusou a necessidade de pedir desculpas.

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Pressionado pelo deputado socialista João Galamba para que apresentasse um pedido de desculpas público por ter relativizado o esforço do país face à austeridade e usado como exemplo a condição dos sem-abrigo, Fernando Ulrich recusou a necessidade de pedir desculpas.

“É pior estar desempregado e estar desempregado há muito tempo do que suportar aumento de impostos. É a minha perspectiva. Penso que aquilo que eu tenho dito são afirmações absolutamente banais e não vejo por que é que alguém se choca com elas”, afirmou Fernando Ulrich na Assembleia da República.

Fernando Ulrich encontrava-se na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, que acompanha a recapitalização dos bancos nacionais pelo Estado, grupo onde se insere o BPI. O presidente executivo do BPI respondeu ainda directamente a João Galamba: “Não recebo lições de sensibilidade social dos outros. Essas lições tive-as em casa, na escola e na religião católica”. “Não tenho problema nenhum em pedir desculpa. Agora acho que seria um gesto gratuito estar a pedir desculpa numa situação em que não sinto essa necessidade”, afirmou ainda.

O banqueiro explicou as suas declarações da semana passada e disse que procurava “desmontar a ideia de que não podemos suportar mais sacrifícios”, relacionando os esforços das famílias com a condição dos sem-abrigo. Nesse sentido, Ulrich procurava dar um “sinal de respeito pelas pessoas que viveram nessa situação dramática”.