Em fuga da cidade, islamistas queimaram manuscritos em Tombuctu

Tropas francesas e do Mali entraram na mítica cidade, em poder dos islamistas desde Março. Rebeldes evitam confrontar avanço do Exército

Foto
As forças francesas e malianas não encontraram resistência no seu avanço para a cidade Eric Gaillard /Reuters

Em entrevista à televisão France 2, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, mostrou-se optimista sobre o avanço dos militares, garantindo que a “libertação de Tombuctu” acontecerá “muito em breve”. O porta-voz do Exército francês, Thierry Burkhard, confirmou à BBC que as colunas vindas de Sul controlam já o aeroporto, situado alguns quilómetros a sul da cidade, e as vias que permitem a entrada na mítica cidade.  

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Em entrevista à televisão France 2, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, mostrou-se optimista sobre o avanço dos militares, garantindo que a “libertação de Tombuctu” acontecerá “muito em breve”. O porta-voz do Exército francês, Thierry Burkhard, confirmou à BBC que as colunas vindas de Sul controlam já o aeroporto, situado alguns quilómetros a sul da cidade, e as vias que permitem a entrada na mítica cidade.  

À semelhança de Gao, maior cidade do Norte do Mali, o avanço das tropas foi precedido por “ataques aéreos substanciais” contra posições dos islamistas que, perante a iminência da chegada das tropas, abandonaram as suas posições. “As forças terroristas recusaram qualquer contacto connosco. Pensamos que ou entraram em Tombuctu para se misturar com a população local ou fugiram da cidade para Norte”, explicou Burkhard.

A tomada de Tombuctu, onde os europeus chegaram apenas no século XIX, aconteceu já tarde para parte do espólio que a cidade alberga. O presidente da câmara local, refugiado na capital desde que os rebeldes tomaram a cidade, em Março do ano passado, disse à AFP que, antes de abandonarem a cidade, grupos islamistas “queimaram manuscritos de grande valor que estavam no centro Ahmed Baba”.

O espólio do Instituto de Altos Estudos e Investigação Islâmica contava entre 60 a cem mil manuscritos, alguns da era pré-islâmica, avança à AFP. Segundo a BBC, existirão mais de 700 mil manuscritos nas bibliotecas públicas e nas colecções privadas da cidade, que foi o mais importante centro islâmico em África entre os séculos XII e XVII, beneficiando das rotas comerciais que então atravessavam a região transportando sal e ouro.