Aaron Swartz, fundador do sistema RSS, suicidou-se aos 26 anos

Foi um defensor acérrimo da liberdade de circulação de conteúdos na Internet e enfrentava um processo judicial que lhe poderia valer 30 anos de prisão.

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O funeral de Aaron Swartz realiza-se terça-feira no Illinois DR

Foi aos 14 anos que Swartz começou a escrever o seu nome na história da Internet. Com essa idade ajudou a criar a tecnologia digital RSS, um protocolo que permite a leitura dos sites através da subscrição de feeds (actualizações em tempo real). Poucos anos depois criou a rede social Reddit, uma comunidade de partilha de links que se auto-denomina “o portal da Internet”.

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Foi aos 14 anos que Swartz começou a escrever o seu nome na história da Internet. Com essa idade ajudou a criar a tecnologia digital RSS, um protocolo que permite a leitura dos sites através da subscrição de feeds (actualizações em tempo real). Poucos anos depois criou a rede social Reddit, uma comunidade de partilha de links que se auto-denomina “o portal da Internet”.

O percurso profissional de Swartz confunde-se com a sua visão do mundo. Defendia a liberdade de circulação de conteúdos na Internet e em 2008, aos 22 anos, escreveu o seu próprio manifesto. O documento, que titulou Guerrilla Open Acess, começava assim: “A informação é poder. Mas como todo o poder há aqueles que querem guardá-lo para si.” Nele, Swartz defendia que todos deveriam ter acesso aos artigos científicos publicados online e apelava ao fim do que considerava “um roubo privado da cultura pública”.

Essa forma de estar valeu-lhe um processo na justiça. Em 2011, Swartz foi acusado de fazer download ilegal de 4,8 milhões de documentos científicos e literários (quase a totalidade do arquivo) da plataforma na Internet intitulada JSTOR, através da rede do MIT (Massachussets Institute of Technology). Se fosse condenado, estaria sujeito a uma pena de 30 anos de prisão e ao pagamento de uma multa de um milhão de dólares.<_o3a_p>

A família de Swartz divulgou um comunicado dizendo que esta morte “não é apenas uma tragédia pessoal” mas também “um produto de um sistema de justiça criminal repleto de intimidações”. Os familiares culpam as autoridades judiciais e o próprio MIT pela morte do filho, que iria ser punido por “um alegado crime que não fez vítimas”.

O arquivo digital JSTOR tinha até decidido não apresentar queixa contra Swartz depois de este ter devolvido as cópias digitais dos artigos, mas um grand jury (júri de cidadãos que avalia provas e decide se um crime é passível de acusação) decidiu que o programador deveria, ainda assim, responder em tribunal.

Aaron Swartz cometeu o “crime” quando estudava na Universidade de Harvard, em Boston, e se ligou através da rede wi-fi do MIT, acedendo a uma das suas bases de dados. Deixou o computador ligado uma noite inteira para copiar 4,8 milhões de trabalhos de investigação alojados na rede interna. 

Já em 2008, Swartz tinha sido investigado pelo FBI por ter descarregado e divulgado mais de 18 milhões de páginas de informações de arquivos judiciais. No ano passado, Aaron Swartz tinha sido uma voz activa no debate sobre a propriedade intelectual na Internet levado a cabo pelo Congresso norte-americano.  Na altura estava em cima da mesa um projecto de lei de combate à pirataria online – "Stop Online Piracy Act" (SOPA) – que dava mais poder aos detentores dos direitos de autor para que combatessem o download ilegal e a falsificação de artigos. Swartz deu uma conferência na qual argumentava contra este projecto de lei, entretanto suspenso. 

Era público que Swartz sofria de uma depressão. Na sexta-feira, a namorada foi encontrá-lo morto, enforcado, no apartamento onde vivia. A família criou um site em sua homenagem. O funeral realiza-se nesta terça-feira, no Illinois.


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