Marítimo, Portuguesa e Deportivo: histórias portuguesas no futebol da Venezuela

Três clubes com raízes portuguesas já se tornaram campeões. Só um deles sobreviveu até hoje.

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Destes três clubes, que, entre si, conquistaram 13 títulos de campeão, apenas resta um, o Portuguesa FC, da cidade de Acarigua, no Noroeste do país. Com cinco títulos conquistados, o Portuguesa não tem nenhuma herança lusitana óbvia para além do nome (nem no emblema, nem nas cores da camisola, preto e vermelho), que advém da sua localização, no estado de Portuguesa, que, por sua vez, foi baptizado com este nome por causa do rio que atravessa o estado e que, segundo a herança popular, se chama assim porque, em tempos, uma mulher de Portugal se terá afogado nele.

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Destes três clubes, que, entre si, conquistaram 13 títulos de campeão, apenas resta um, o Portuguesa FC, da cidade de Acarigua, no Noroeste do país. Com cinco títulos conquistados, o Portuguesa não tem nenhuma herança lusitana óbvia para além do nome (nem no emblema, nem nas cores da camisola, preto e vermelho), que advém da sua localização, no estado de Portuguesa, que, por sua vez, foi baptizado com este nome por causa do rio que atravessa o estado e que, segundo a herança popular, se chama assim porque, em tempos, uma mulher de Portugal se terá afogado nele.

Bastante documentadas estão as origens portuguesas do Deportivo e do Marítimo, sendo que o segundo provavelmente nunca teria existido sem o fim do primeiro.

Vamos à história: no auge da imigração do Sul da Europa para a Venezuela durante os anos 1950 e 60 do século passado, muitos foram os clubes formados por comunidades de imigrantes e os nomes identificavam as suas origens: Deportivo Español, Deportivo Itália, Deportivo Galicia, Deportivo Asturias, o Valência, o Unión Deportiva Canárias ou o Deportivo Portugués.

Fundado em 1952, o Club Deportivo Portugués, sediado em Caracas, rapidamente se transformou numa potência do futebol venezuelano. As cores vermelha e verde estavam no equipamento e no emblema (que era uma representação da bandeira de Portugal, com o escudo no meio). Foi quatro vezes campeão (1958, 1960, 1962 e 1967) e foi a primeira equipa do país a chegar às meias-finais da Taça dos Libertadores, mas, depois do último título, começou a entrar em declínio, com várias subidas e descidas, até que os seus órgãos directivos vieram a decidir acabar com a equipa de futebol profissional. Muitos dos seus jogadores e o treinador da altura transferiram-se para outra formação de origem portuguesa, também com sede na capital venezuelana, o Club Sport Marítimo.

Este Marítimo de Caracas, fundado em 1959, tem tudo a ver, na sua origem, com o Marítimo do Funchal, que tem mais de um século de existência (nasceu em 1910) e é a maior instituição desportiva da Madeira. Os equipamentos e os emblemas dos dois clubes são iguais. Mas, ao contrário do clube madeirense, que nunca foi campeão de Portugal, o seu homólogo venezuelano conquistou quatro títulos de campeão (1987, 1988, 1990 e 1993) e ganhou seguidores fora da comunidade luso-venezuelana. Mas também o Marítimo acabaria com o futebol profissional, em 1995.

Na Venezuela, há registos de apenas dois jogadores portugueses, segundo o site zerozero.pt. Um deles, Carlos Freitas, chegou a jogar no Marítimo do Funchal e foi internacional português sub-18 numa equipa onde estavam, entre outros, Rui Patrício, Fábio Coentrão e Daniel Carriço. Em Portugal, o zerozero lista 160 jogadores venezuelanos só em futebol de onze, mas quase todos com dupla nacionalidade e muitos em clubes da Madeira. Entre esta numerosa comunidade, o nome mais famoso é o de Jeffrén Suarez, extremo do Sporting e formado nas escolas do Barcelona, que nasceu em Ciudad Bolivar, mas tem nacionalidade espanhola.

* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias e campeonatos de futebol periféricos