UBS multado em 1100 milhões de euros por manipulação da Libor

Banco suíço negociou acordo para arquivar processo de manipulação das Libor e Euribor, mas vê funcionários envolvidos em acusações de "conspiração" e aceita admitir-se culpado num processo no Japão.

Foto
O maior banco suíço vai pagar multa que corresponde a três semanas de receitas do grupo Fabrice Coffrini/AFP

Uma quantia aproximada tinha sido avançada no início da semana pela agência norte-americana Bloomberg, confirmando-se assim que o banco suíço terá de pagar mais do que o triplo do negociado com o banco britânico Barclays, que também foi acusado no mesmo processo. A taxa britânica Libor e a europeia Euribor servem de referência para o custo dos empréstimos interbancários.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Uma quantia aproximada tinha sido avançada no início da semana pela agência norte-americana Bloomberg, confirmando-se assim que o banco suíço terá de pagar mais do que o triplo do negociado com o banco britânico Barclays, que também foi acusado no mesmo processo. A taxa britânica Libor e a europeia Euribor servem de referência para o custo dos empréstimos interbancários.

Segundo a imprensa internacional, o grupo financeiro terá de pagar cerca de 910 milhões de euros ao Departamento de Justiça dos EUA e ao regulador dos mercados financeiros norte-americano. Ao regulador financeiro do Reino Unido, o maior banco suíço compromete-se a pagar 196 milhões de euros de multa, sendo que à Finma, o regulador suíço, cabe a fatia mais pequena do acordo, cerca de 48 milhões de euros.

Como parte do acordo está também a exigência de que uma unidade do grupo UBS no Japão se declare culpada num processo de manipulação electrónica de várias taxas de empréstimo interbancário, incluindo a taxa Libor associada ao iene.

Em 2011, os reguladores japoneses haviam penalizado as operações do banco suíço no Japão, impedindo o banco de participar durante uma semana no mercado de derivados interbancários.

Em declarações à imprensa, citadas pela Bloomberg, o presidente-executivo do grupo UBS declarou que o banco suíço “quer mostrar determinação para seguir em frente e mudar o banco de uma vez por todas”.

No seguimento das investigações da manipulação da taxas de empréstimo interbancário, entre 30 e 40 funcionários do UBS foram afastados do banco. Sergio Emotti, presidente-executivo, declarou nesta quarta-feira que o comportamento destes funcionários havia sido “inaceitável” e que não esperava mais saídas do banco.

Segundo avança também a Bloomberg, os cerca de 1100 milhões de euros a que o banco foi condenado nesta quarta-feira representam menos do que três semanas de receitas do grupo UBS.


 
Negociadores “conspiraram” na manipulação

 

A meio da tarde desta quarta-feira, Tom Hayes e Roger Darin, dois negociadores do UBS, foram formalmente acusados de terem manipulado a taxa britânica Libor. Até ao momento estas são as únicas acusações formais, apesar de três envolvidos terem sido detidos e interrogados no início do mês.

De acordo com aquilo que é avançado pelo Financial Times, os reguladores financeiros que investigaram o processo das Libor e Euribor no grupo UBS concluíram que os negociadores (em inglês, traders) “conspiraram” na manipulação das taxas interbancárias e que foram recompensados por isso.

No que toca ao caso da manipulação da taxa Libor associadas ao iene japonês, o regulador britânico afirma que partiram de pelo menos quatro negociadores do grupo UBS mais de mil pedidos dirigidos a seis empresas de correctores bancários para acertarem as taxas de empréstimo em valores manipulados.

Segundo o regulador financeiro britânico, alguns destes correctores foram recompensados com transferências bancárias pelo UBS que chegavam, em alguns casos, a 18 mil euros por semana.

As Libor e Euribor são determinadas diariamente pela média das propostas apresentadas uma série de bancos designados como “contribuintes”. Apesar de não participarem directamente na decisão diária das taxas, os correctores agem como intermediários em negociações dos bancos e entram em contacto diariamente com vários negociadores bancários responsáveis pelo acerto da taxa.

Citado pelo Financial Times, o relatório do regulador financeiro britânico cita um destes pedidos, em que um negociador do UBS se dirige a um corrector bancário: “Se mantiveres [a taxa Libor a seis meses] inalterada hoje… faço-te um negócio gigantesco… tipo, um negócio de 50 mil dólares, sei lá… preciso que a mantenhas tão baixo quanto possível… se o fizeres pago-te, tu sabes, 50 mil dólares, 100 mil dólares… o que quiseres… sou um homem da minha palavra”.

Segundo afirma a Bloomberg, o Departamento de Justiça norte-americano e o gabinete de fraudes financeiras do Reino Unido estão actualmente a desenvolver uma investigação com vista a acusar correctores e negociadores envolvidos com o processo.

 

Notícia actualizada às 18h10

Acrescentada informação sobre detenções.