Mulher de 33 anos encontrada num estado “quase animal” no Alentejo

Directora do Centro Distrital de Beja da Segurança Social chocada com o caso.

Foto
A mulher vivia no campo nos arredores de Serpa

“Em pleno século XXI, é uma situação chocante. Só vendo mesmo o rosto e o comportamento dela. Não dá para descrever”, disse esta sexta-feira à agência Lusa a directora do Centro Distrital de Beja da Segurança Social, Helena Barreto.

A responsável contou que teve conhecimento do caso através do presidente da Junta de Freguesia de Vale de Vargo (Serpa), onde vivia a mulher, num monte isolado, durante uma visita que efectuou, no passado dia 23 de Novembro, a uma instituição daquela aldeia.

No mesmo dia, Helena Barreto, acompanhada de técnicas da Segurança Social, o presidente da Junta de Freguesia de Vale de Vargo, Francisco Godinho, e o director do Centro Social e Paroquial de Brinches (Serpa), Nuno Sousa, deslocou-se ao monte isolado.

Ao chegar ao monte, Helena Barreto deparou-se com um casal de idosos de fracos recursos económicos e que vivia com duas filhas, uma de 33 anos, a mulher em causa, e outra de 43, numa casa com “um espaço muito pequeno”.

A mulher, que tem “comportamentos desajustados à idade e dificuldades em comunicar” e “come com as mãos”, foi encontrada no “espaço muito pequeno” da casa num estado “quase animal”, contou Helena Barreto.

Segundo a responsável, a mulher frequentou a escola até à antiga 4.ª classe, ou seja, até aos 10 anos, e, desde esta idade, “parou no tempo, não teve qualquer contacto com o exterior” e viveu na casa com os pais e a irmã e “completamente isolada do mundo”.

“Disse-lhe: 'Eu vou tentar tirar-te daqui. Não sei muito bem quando, mas vou tentar tirar-te daqui'”, contou Helena Barreto, referindo que a mulher, em reacção, bateu palmas, baixou a cabeça e disse-lhe: “Agora, agora”.

“De imediato”, Helena Barreto e as pessoas que a acompanhavam falaram com o pai da mulher, o qual autorizou a ida da filha para o Centro Social e Paroquial de Brinches, onde vive desde 23 de Novembro.

Actualmente, a mulher “está estabilizada e já comunica melhor”, mas ainda “come com as mãos” e está a ser avaliada por técnicos para se perceber se tem alguma deficiência ou se o seu comportamento decorre dos anos de isolamento, disse Helena Barreto.

“O pai acha que a filha tem alguma deficiência” e, por isso, “não estava em condições de viver sozinha e de ter alguma autonomia e, para a proteger, decidiu mantê-la isolada em casa”, contou Helena Barreto.

Segundo a responsável, a irmã manteve-se a viver com os pais e a Segurança Social está a tentar retirar da casa e alojar numa instituição a mãe, que já sofreu um acidente vascular cerebral (AVC).

Helena Barreto espera que não existam mais casos do género “encapotados” no distrito de Beja e apelou a quem tiver conhecimento de algum caso semelhante para o comunicar às forças de segurança e à Segurança Social para se poder intervir.
 
 
 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Em pleno século XXI, é uma situação chocante. Só vendo mesmo o rosto e o comportamento dela. Não dá para descrever”, disse esta sexta-feira à agência Lusa a directora do Centro Distrital de Beja da Segurança Social, Helena Barreto.

A responsável contou que teve conhecimento do caso através do presidente da Junta de Freguesia de Vale de Vargo (Serpa), onde vivia a mulher, num monte isolado, durante uma visita que efectuou, no passado dia 23 de Novembro, a uma instituição daquela aldeia.

No mesmo dia, Helena Barreto, acompanhada de técnicas da Segurança Social, o presidente da Junta de Freguesia de Vale de Vargo, Francisco Godinho, e o director do Centro Social e Paroquial de Brinches (Serpa), Nuno Sousa, deslocou-se ao monte isolado.

Ao chegar ao monte, Helena Barreto deparou-se com um casal de idosos de fracos recursos económicos e que vivia com duas filhas, uma de 33 anos, a mulher em causa, e outra de 43, numa casa com “um espaço muito pequeno”.

A mulher, que tem “comportamentos desajustados à idade e dificuldades em comunicar” e “come com as mãos”, foi encontrada no “espaço muito pequeno” da casa num estado “quase animal”, contou Helena Barreto.

Segundo a responsável, a mulher frequentou a escola até à antiga 4.ª classe, ou seja, até aos 10 anos, e, desde esta idade, “parou no tempo, não teve qualquer contacto com o exterior” e viveu na casa com os pais e a irmã e “completamente isolada do mundo”.

“Disse-lhe: 'Eu vou tentar tirar-te daqui. Não sei muito bem quando, mas vou tentar tirar-te daqui'”, contou Helena Barreto, referindo que a mulher, em reacção, bateu palmas, baixou a cabeça e disse-lhe: “Agora, agora”.

“De imediato”, Helena Barreto e as pessoas que a acompanhavam falaram com o pai da mulher, o qual autorizou a ida da filha para o Centro Social e Paroquial de Brinches, onde vive desde 23 de Novembro.

Actualmente, a mulher “está estabilizada e já comunica melhor”, mas ainda “come com as mãos” e está a ser avaliada por técnicos para se perceber se tem alguma deficiência ou se o seu comportamento decorre dos anos de isolamento, disse Helena Barreto.

“O pai acha que a filha tem alguma deficiência” e, por isso, “não estava em condições de viver sozinha e de ter alguma autonomia e, para a proteger, decidiu mantê-la isolada em casa”, contou Helena Barreto.

Segundo a responsável, a irmã manteve-se a viver com os pais e a Segurança Social está a tentar retirar da casa e alojar numa instituição a mãe, que já sofreu um acidente vascular cerebral (AVC).

Helena Barreto espera que não existam mais casos do género “encapotados” no distrito de Beja e apelou a quem tiver conhecimento de algum caso semelhante para o comunicar às forças de segurança e à Segurança Social para se poder intervir.