Os dramas do desemprego podem ser contados com humor

Ricardo Almeida fez do desemprego a sua musa inspiradora. O resultado foi a banda desenhada “Dramas de um publicitário desempregado”

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“Um publicitário desempregado cheio de manias que, até é simpático, e está sempre pronto a desenvolver uma nova ideia”. Foi assim que Ricardo Almeida, um jovem lisboeta que é um verdadeiro caso de persistência, se apresentou ao P3.

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“Um publicitário desempregado cheio de manias que, até é simpático, e está sempre pronto a desenvolver uma nova ideia”. Foi assim que Ricardo Almeida, um jovem lisboeta que é um verdadeiro caso de persistência, se apresentou ao P3.

Mesmo depois de ter passado a ser mais um número das estatísticas do desemprego em Portugal, Ricardo não baixou os braços e decidiu criar o “Dramas de um publicitário desempregado”.

Após dias e dias a fio sem uma oportunidade possível de emprego, e da rotina diária de envio de currículos, Ricardo Almeida resolveu dar uma nova direcção à sua vida e optou por criar o “Dramas”, um projecto pessoal e sem finalidade comercial que conjuga o que de melhor sabe fazer, ou seja, contar histórias e desenhar. 

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Trata-se de um conjunto de bandas desenhadas, feitas a computador, que mostram de forma satírica situações banais que a maioria dos desempregados vive no dia-a-dia.

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Ricardo Almeida destaca que “nem só da busca de emprego e da falta de dinheiro vive o desemprego”. Isto porque existem outros dramas que até podem ser engraçados e “é precisamente aí que reside a vertente cómica”.

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“A política é a grande palhaçada do país”

Para Ricardo Almeida, “a comédia é essencial nos tempos de crise”, um aspecto que não nunca esteve demais em Portugal, um povo que para ele é por natureza “gozão”, no sentido em que sempre “consegue tirar partido cómico das coisas, para depois brincar da melhor forma com elas”.

Acrescenta que, nos dias que correm, “a política é a grande palhaçada do país”: Por isso, o que resta mesmo é “tentar aproveitar a energia que a comédia transmite”, para continuar a avançar apesar das dificuldades.

Uma das prioridades deste jovem artista passa por contar sempre “histórias genuínas nas quais as pessoas consigam rever-se”. Donde, as suas inspirações vêm não só das suas experiências pessoais, como também de “situações que, à primeira vista, parecem insignificantes”, mas que, no quotidiano, conseguem ser “bastante frustrantes” para a maioria das pessoas em situação de desemprego.

“Nem tudo tem que ser negro”

Ricardo Almeida quer acreditar que “ainda há futuro em Portugal”. Contudo, considera que “é preciso preservar o talento nacional”, porque é através deles que “o país pode evoluir”.

O conselho que deixa aos restantes jovens na mesma situação é que, “mesmo com falta de espírito, têm que continuar a acreditar e ir atrás das oportunidades” e, sobretudo, “ter coragem para enfrentar muitos não”.

Para já, Ricardo Almeida aspira a que o “Dramas de um publicitário desempregado” continue a crescer e que, especialmente, “faça rir as pessoas nem que seja durante alguns segundos”.