Siza Vieira: em Portugal, há a sensação de se viver “de novo em ditadura”

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Álvaro Siza Fernando Veludo/nFactos

Na declaração divulgada nesta terça-feira, Siza Vieira, que se recusa a ser considerado um patriarca dos arquitectos, explica que está num constante processo de aprendizagem e que, “ultimamente” a aprendizagem “mais dura e mais forte” é assumir que, em Portugal, “se vive de novo em ditadura”.

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Na declaração divulgada nesta terça-feira, Siza Vieira, que se recusa a ser considerado um patriarca dos arquitectos, explica que está num constante processo de aprendizagem e que, “ultimamente” a aprendizagem “mais dura e mais forte” é assumir que, em Portugal, “se vive de novo em ditadura”.

“Aqui [em Portugal] temos uma ditadura” que, “aparentemente”, prevê “uma negociação”, mas “onde não se vê essa negociação”, disse o arquitecto português, considerando que Espanha “pode estar próximo de uma situação semelhante”.

Sobre o sector da arquitectura, Siza Vieira disse que, em Portugal, “em geral, se constrói mal e, apesar das regulações, parece não haver interesse em construir bem”. Siza Vieira aponta a arquitectura como exemplo para demonstrar a sua desconfiança na possibilidade de os dirigentes partidários tomarem decisões pensando no bem comum.

“Quando uma cidade muda a composição política dominante, os projectos anteriores são recusados, a maior parte das vezes. Há um apetite de ruptura total que tem a ver com interesses e com processos de afirmação política. Creio que isso é muito prejudicial para a cidade”, conclui o Prémio Pritzker, a quem a Bienal de Veneza reconheceu a carreira, com a atribuição do Leão de Ouro, o prémio máximo, na abertura da edição em curso, no início deste mês.