Projeto Gesterra fomenta cultivo de terrenos abandonados

O projecto articula, “com base na localidade e espaço pretendido por cada interessado”, o terreno que melhor corresponde às suas necessidades

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Rui Gaudêncio

Um projecto que visa a criação de uma bolsa de terrenos agrícolas e a gestão de campos abandonados, vai ser aplicado no concelho da Guarda por iniciativa de um engenheiro florestal que ganhou um concurso de ideias.

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Um projecto que visa a criação de uma bolsa de terrenos agrícolas e a gestão de campos abandonados, vai ser aplicado no concelho da Guarda por iniciativa de um engenheiro florestal que ganhou um concurso de ideias.

O plano Gesterra, desenvolvido por Ricardo Nabais, 29 anos, residente no concelho do Sabugal, tem por objectivo “promover o desenvolvimento local e rural, fomentando a agricultura, propiciando as práticas agrícolas e a preservação da floresta”.

O jovem, que também é dirigente do núcleo da Guarda da Quercus, referiu à agência Lusa que o projecto que vai por em prática ganhou o primeiro prémio de um concurso de ideias promovido pelo Projeto Guarda + Social.

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António Carrapato

Ricardo Nabais referiu que muitos terrenos estão abandonados “por falta de pessoas interessadas” no seu cultivo, quando surgem alguns jovens casais que procuram “melhor qualidade de vida” no interior, mas não possuem terrenos para se fixarem. O Gesterra surge como “elo de ligação entre os dois públicos distintos”, referiu. “Perante estas perspectivas percebe-se que, por um lado, há terrenos abandonados que precisam ser cultivados, pessoas que os podem ceder/alugar/vender e, por outro, pessoas que precisam e gostariam de ter um terreno que pudessem cultivar e que lhes proporcionasse alguma sustentabilidade”, disse.

Segundo o responsável, a sua proposta concretiza-se através de duas bolsas — uma de terrenos e outra de interessados em cultivar — que serão disponibilizadas numa plataforma na Internet. Através da “bolsa de terrenos” reúnem-se ofertas de terras, inscritas pelos seus proprietários, e quem procura áreas para cultivo inscreve-se na “bolsa de interessados”, explicou.

O mentor da ideia assinala que o Gesterra articula, “com base na localidade e espaço pretendido por cada interessado”, o terreno que melhor corresponde às suas necessidades. “Iremos fazer só a ligação entre os proprietários e os interessados. Depois, as pessoas têm que se entender”, adiantou. Numa fase seguinte, poderá ser criada uma empresa ou cooperativa “para gerir os terrenos abandonados”, caso não surjam interessados no seu cultivo, admitiu.

Também está prevista a possibilidade de ser constituído um “agrupamento de produtores” para escoamento dos produtos agrícolas. O projecto, que vai arrancar no concelho da Guarda, poderá ser estendido a outros municípios da região e a todo o território nacional, segundo o coordenador. Ricardo Nabais acredita no sucesso do plano, embora reconheça que a grande dificuldade será “encontrar a maioria dos proprietários” e fazer com que eles arrendem ou emprestem os terrenos que estão ao abandono. Com o Gesterra os desempregados e os jovens “podem ver na agricultura uma actividade sustentável e uma oportunidade de ultrapassar uma época de crise”, concluiu o responsável.