Oito águias-pesqueiras já foram libertadas junto à albufeira de Alqueva

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Esta manhã, as águias “estão tranquilas, ainda aqui nas proximidades, pousadas em azinheiras e em postes de alimentação”, disse Andreia Dias, coordenadora operacional do projecto.

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Esta manhã, as águias “estão tranquilas, ainda aqui nas proximidades, pousadas em azinheiras e em postes de alimentação”, disse Andreia Dias, coordenadora operacional do projecto.

As aves, com oito e nove semanas de idade, chegaram há cerca de um mês a uma propriedade perto de Reguengos de Monsaraz, junto à albufeira de Alqueva, vindas da Finlândia e Suécia, onde a espécie é abundante. Os animais vieram ao abrigo de um projecto de reintrodução da águia-pesqueira (Pandion haliaetus) que começou no ano passado por iniciativa do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (Cibio), organização privada ligada à Universidade do Porto, e cujo objectivo é criar um núcleo reprodutor no Alentejo. Desde que, em 1997, morreu a fêmea do único casal existente no país, na costa alentejana, a ave só pode ser avistada em Portugal durante as migrações e no Inverno, especialmente em zonas húmidas, como o Paul do Boquilobo e estuários do Tejo e do Sado.

O processo de libertação começou ontem à noite. “Ao escurecer, rebatemos um pouquinho os painéis frontais amovíveis (das jaulas), para que a operação não fosse muito abrupta”, explicou Andreia Dinis. “Cerca das 5h30 retirámos os painéis. A primeira águia-pesqueira saiu às 5h45 e as outras foram saindo de forma gradual. A última deixou a jaula às 8h05”, acrescentou.

“Agora estão todas bem, estamos a observá-las aqui nas imediações. Ainda não se alimentaram mas algumas já estão em cima dos postes onde iremos colocar peixe duas vezes por dia.” A carpa será a presa mais comum das águias-pesqueiras mas não a única. Estes animais alimentam-se também de várias espécies de tainhas, robalo ou sargo, presas que podem pesar até 1,5 quilos.

Agora, a equipa de técnicos vai acompanhar as jovens aves para “actuar em caso de necessidade”, graças a aparelhos de radio-telemetria – que foram colocados nas águias a 1 de Agosto – e a visualizações directas com deslocações de carro ou barco.

Dentro das jaulas ainda estão três águias. “Continuamos a alimentá-las e a seguir o seu comportamento, para saber quando estarão prontas para voar”, acrescentou Andreia Dias.

Daqui a mês e meio, as aves deverão partir para as zonas de invernada em África, especialmente Senegal e Gâmbia. A expectativa é a de que, ao chegarem à maturidade sexual, dentro de dois a três anos, regressem a Portugal para nidificar no Alqueva, identificado como sendo a sua origem. No ano passado foram libertadas dez águias mas, pelo menos, três acabaram por morrer.

Durante os próximos anos, o projecto prevê a chegada de dez aves por ano. Se tudo correr bem, a águia-pesqueira poderá começar a progredir para a zona costeira, via zonas húmidas do Tejo e Sado.