Novo cocktail de antibióticos promete acelerar tratamento de tuberculose

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O tratamento da tuberculose demora anos Nuno Ferreira Santos

Os resultados da experiência clínica divulgada num artigo publicado nesta semana na revista The Lancet sugerem que os tratamentos para a tuberculose possam ser reduzidos “a quatro meses ou talvez até menos do que isso” ao contrário dos seis a 30 meses de duração das terapias usadas actualmente.

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Os resultados da experiência clínica divulgada num artigo publicado nesta semana na revista The Lancet sugerem que os tratamentos para a tuberculose possam ser reduzidos “a quatro meses ou talvez até menos do que isso” ao contrário dos seis a 30 meses de duração das terapias usadas actualmente.

Além da redução no tempo de tratamento, os investigadores responsáveis por esta nova “fórmula” (que inclui um antibiótico usado nas tratamentos tradicionais, um que é muito recente e um outro fármaco que ainda não se encontra no mercado) acreditam que será possível cortar também nos custos na ordem dos 90%.

A tuberculose é um dos problemas de saúde pública mais preocupantes a nível mundial, registando-se nos últimos anos um aumento do número de casos sobretudo nos países pobres. Citado pela AFP, o director do departamento dedicado a esta doença na OMS (Organização Mundial de Saúde), Mario Raviglione também revelou estar optimista perante esta nova combinação terapêutica “muito promissora”. “Se estes resultados forem confirmados em novos testes e se o tratamento se apresentar como um bom negócio para os países pobres será um enorme progresso”, declara Raviglione no comunicado da TB Aliance.

O novo cocktail foi testado apenas durante duas semanas, em dois centros situados na Africa do Sul. Porém, apesar do pouco tempo da experiência, os dados preliminares parecem apontar para bons resultados e para uma conclusão do tratamento em apenas quatro meses e indicam também que há certos tipos de tuberculoses resistente que também respondem de forma positiva à nova combinação. O pneumologista Andreas Diacon, professor na universidade sul-africana de Stellenbosch que é o principal responsável pelo ensaio clínico, acredita que estamos perante a perspectiva de uma forma mais eficaz e mais rápida de travar a doença.

A nova combinação terá ainda a vantagem de responder a vários tipos de tuberculose, incluindo algumas formas resistentes, o que, segundo Diacon, poderá simplificar estes tratamentos à escala mundial.