Rajoy defende a criação de autoridade orçamental europeia

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A Autoridade sugerida por Rajoy teria como missão gerir as dívidas públicas Foto: Gustau Nacarino/Reuters

Numa intervenção pública em Barcelona, onde voltou a garantir que a Espanha “não irá naufragar”, Mariano Rajoy pediu mais acção a nível europeu para resolver os actuais problemas. E avançou com aquilo que considera ser a solução para o euro. “A União Europeia precisa de reforçar a sua arquitectura”, disse, explicando que “isso implica seguir na direcção de uma maior integração, transferindo mais soberania, especialmente na área do orçamento”.

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Numa intervenção pública em Barcelona, onde voltou a garantir que a Espanha “não irá naufragar”, Mariano Rajoy pediu mais acção a nível europeu para resolver os actuais problemas. E avançou com aquilo que considera ser a solução para o euro. “A União Europeia precisa de reforçar a sua arquitectura”, disse, explicando que “isso implica seguir na direcção de uma maior integração, transferindo mais soberania, especialmente na área do orçamento”.

Rajoy concretizou mesmo com a ideia de “criar uma autoridade orçamental europeia, que conduziria a política orçamental na zona euro, harmonizaria a política seguida pelos estados-membros e permitiria um controlo centralizado das finanças públicas”. O presidente do Executivo espanhol afirmou ainda que esta nova autoridade teria igualmente como missão gerir as dívidas públicas da zona euro e que apenas os países que cumprissem determinados critérios poderiam fazer parte deste projecto.

Quem também se referiu à perda de soberania dos países foi a chanceler alemã, mas para falar de crescimento, que, disse, a Alemanha está preparada para discutir, se houver mais integração de políticas. Numa conferência da CDU, em Berlim, afirmou: “Não se pode falar de eurobonds [obrigações europeias], não estando preparados para dar o próximo passo em frente de maior integração”.

Já o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, disse acreditar que as euro-obrigações – um mecanismo de emissão de dívida conjunta na zona euro – serão uma realidade na moeda única. Numa entrevista ao jornal grego To Vima, que a Reuters cita, defendeu que, “de uma ou de outra forma”, as obrigações europeias acabarão por ser uma realidade, porque também acredita numa união económica “mais integrada”.

As propostas de Rajoy surgem num momento em que, um pouco por toda a zona euro, vários responsáveis políticos apontam para a necessidade de avançar de forma rápida para mudanças estruturais na forma como está organizada a zona euro.

O presidente do BCE, Mario Draghi, fez mesmo um apelo aos governos da zona euro para que clarifiquem a sua visão para a zona euro, abandonando a estratégia de avanços progressivos até agora seguida.

Mariano Rajoy procurou ainda transmitir uma mensagem de tranquilidade, garantindo que Espanha não está “à beira do precipício”. Uma mensagem algo divergente daquela que há dois dias o ministro responsável pelas Finanças, Luis de Guindos, deixou no mesmo evento, afirmando no Círculo de Economia de Sitges, em Barcelona, que o futuro do euro se decide em Espanha e Itália nas próximas semanas.

Rajoy sinalizou ainda que tem o apoio dos responsáveis dos governos da zona euro. “Espanha sairá da tempestade com os seus próprios esforços e com o apoio dos nossos parceiros comunitários”, afirmou.

O Governo espanhol teve de lidar esta semana com várias más notícias. Os investidores voltaram a pedir taxas de juro acima dos 6,5% para comprarem obrigações no mercado secundário. E com a escalada das taxas em 2012, o país registou uma fuga recorde de capitais – de 53.700 milhões de euros, em Março.